Manifestantes saíram às ruas da França pelo décimo dia consecutivo nesta terça-feira, 28, para protestar contra a reforma da previdência aprovada pelo presidente Emmanuel Macron na semana passada. As estimativas de público divergem, com o Ministério do Interior afirmando que 740 mil pessoas marcharam pelo país, incluindo 93 mil só em Paris, enquanto o sindicato CGT afirma que foram 2 milhões de pessoas.
Embora as manifestações tenham sido geralmente pacíficas no passado, houve um aumento da violência desde quinta-feira, 23, e confrontos com a polícia. O ministro do Interior, Gérald Darmanin, alertou para a presença de “mais de 10 mil radicais, alguns procedentes do exterior” em Paris, o que levou o governo a aumentar a segurança com 13 mil agentes mobilizados, um dispositivo de segurança sem precedentes.
Manifestantes vestidos com roupas pretas quebraram vitrines de lojas, houve “distúrbios” no transporte público e a Torre Eiffel foi fechada ao público. A polícia usou canhões de água e gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. As autoridades de Paris informaram que 22 pessoas foram detidas na capital e em Bordeaux, seis manifestantes foram detidos e seis policiais ficaram feridos.
A presença crescente de jovens nas manifestações é uma preocupação para as autoridades, já que eles se tornaram mais presentes como coadjuvantes desde janeiro. Em 2006, sua mobilização junto aos sindicatos conseguiu que o então presidente conservador Jacques Chirac recuasse em seu polêmico Contrato do Primeiro Emprego. Agora, eles buscam outra vitória. “Pela honra dos trabalhadores e por um mundo melhor, mesmo com Macron não querendo, aqui estamos”, cantam dezenas de estudantes em um dos bloqueios a colégios e universidades que se espalham pela França.
O governo está “muito atento” à presença dos jovens nas manifestações, pois, segundo as autoridades, o número pode “duplicar, ou triplicar” em relação às anteriores. Uma nova mobilização foi marcada para o dia 6 de abril, anunciou o intersindicato. A reforma da previdência continua a ser uma questão controversa na França, e o aumento da violência nas manifestações sugere que o conflito não será resolvido em breve.