A rotatividade de médicos nas unidades básicas de saúde (UBS) é um problema que afeta a qualidade do atendimento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Um estudo recente realizado por pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Queen Mary University of London permitiu que, em média, os médicos permanecessem por apenas um ano e dois meses nas UBS antes de deixar o posto de trabalho .
O investigador analisou dados de mais de dois mil médicos que trabalharam em 284 unidades de atenção primária em São Paulo entre janeiro de 2016 e julho de 2020. Os resultados mostram que apenas 36,62% dos profissionais ainda estavam hospedados nestas unidades ao final do estudo.
A análise dos dados mostrou que a especialização dos médicos, a experiência profissional e a idade são fatores que afetam a permanência na UBS. Médicos com especialização em áreas relacionadas à atenção primária, como medicina de família e comunidade, ginecologia ou obstetrícia, têm mais chances de permanecer na unidade por um período mais longo. Além disso, aqueles que têm mais de três anos de formados e que iniciaram o trabalho quando tinham entre 30 e 60 anos de idade também têm maior chance de permanência.
Por outro lado, médicos com menos de 30 anos de idade, recém-formados e cuja especialização não está relacionada ao atendimento primário têm mais chances de deixar as unidades em pouco tempo.
O pesquisador defende que ações conjuntas devem ser tomadas para aumentar o número de especialistas em medicina de família nas UBS, bem como para capacitar médicos não especialistas ou especialistas em outras áreas a trabalharem no setor. É importante destacar que a rotatividade de médicos nas UBS pode afetar o atendimento à população, já que o atendimento primário é essencial para a prevenção e o tratamento de doenças.
FONTE: MEDSCAPE