No Chile, a gripe aviária tem provocado a morte de quase nove mil animais marinhos neste ano. Os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Serviço Nacional de Pescas (Sernapesca) revelam que a doença, que conseguiu ser transmitida para mamíferos, representando a maioria das vítimas, está presente em 12 das 16 regiões do país.
Até o momento, foram encontrados “7.654 leões-marinhos, 1.186 pinguins-de-Humboldt, 25 lontras-do-mar, 19 botos, 12 golfinhos-chilenos e 1 lontra do sul mortos encalhados ao longo das costas do país”, de acordo com comunicado emitido pelo Sernapesca.
A lontra do sul, também conhecida como huillín, foi a última espécie afetada, encalhando na região de Magalhães, a mais ao sul do país. Excetuando os pinguins-de-Humboldt, os outros quase oito mil indivíduos eram de espécies de mamíferos.
“Ter uma nova espécie e região confirmada ativa os protocolos de vigilância ativa do litoral, coordenando o enterro dos animais encalhados com as autoridades responsáveis, procurando assim evitar a propagação do vírus”, afirmou Esteban Donoso, Diretor Nacional em exercício da Sernapesca.
No final de março, o Chile registrou seu primeiro caso de contágio humano da gripe aviária em um homem de 53 anos, que apresentou um quadro “grave” de gripe. As autoridades de saúde chilenas afirmaram que não houve identificação de transmissão de pessoa para pessoa. Os seres humanos contraem a gripe aviária apenas por meio do contato com animais doentes.
Além disso, o Chile também detectou o vírus em aves, totalizando mais de um milhão de aves mortas em meio a um surto de gripe aviária desde o final do ano passado. Esse número engloba tanto os animais vítimas da doença quanto os abatidos preventivamente.
Por que a gripe aviária em mamíferos é preocupante?
A gripe aviária é uma doença causada por uma cepa do vírus Influenza, atualmente identificada como H5N1, que circula entre as aves. Embora alguns poucos casos de infecção em humanos sejam registrados a cada ano, eles ocorrem apenas por meio de contato próximo com animais infectados e nunca entre pessoas.
No entanto, o aumento no número de casos entre aves nos últimos anos, a disseminação do vírus para áreas onde antes não havia infecções, como a América do Sul, e a ocorrência inédita de contaminações entre mamíferos têm preocupado especialistas.
“Se o vírus ficasse restrito apenas às aves, a preocupação seria menor, mas ele foi transmitido para algumas espécies de mamíferos e, posteriormente, entre eles. Isso aumentou a preocupação, pois nós, seres humanos, também somos mamíferos, o que indica que o vírus possui capacidade de adaptação. Se ele conseguir se adaptar aos humanos, todos os ingredientes para uma potencial nova pandemia estarão presentes”, alertou o infectologista Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, em uma entrevista recente ao jornal O Globo.