Documentos obtidos pelo RJ2 revelaram uma série de problemas no Hospital Federal de Bonsucesso, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, que resultaram na morte de cinco pacientes devido a equipamentos com defeito e falta de atendimento adequado. As denúncias apontam que o deputado Dimas Gadelha, do PT, é responsável por indicar diretores e chefes administrativos da unidade hospitalar.
Segundo o relatório divulgado, mais de 20 serviços do hospital estão suspensos devido à falta de insumos. Entre os problemas relatados estão a suspensão das marcações de colonoscopia e a paralisação da entrega de exames devido à falta de tinta para as impressoras. O documento revela que o mau funcionamento do aparelho de endoscopia digestiva foi determinante para as mortes dos pacientes, uma vez que eles não receberam os exames necessários para o tratamento adequado de suas hemorragias.
Além disso, o setor responsável pelo tratamento de doenças do sistema digestivo informou que não receberia mais pacientes até que pudesse atendê-los com segurança. Essa situação revela a gravidade da falta de recursos e insumos básicos enfrentada pelo hospital.
A escassez de suprimentos é apenas uma parte dos problemas enfrentados pelo Hospital Federal de Bonsucesso. O RJ2 revelou que a unidade de saúde tem sido alvo de loteamento político por parte do deputado federal Dimas Gadelha. Denúncias indicam que Gadelha tem entregado cargos-chave a apoiadores políticos de São Gonçalo, cidade em que possui uma forte base eleitoral.
Deputado Dimas Gadelha: os problemas mencionados na reportagem atribuo à falta de investimentos e ao abandono do hospital ao longo dos anos.
Um dos exemplos é a nomeação do médico Gabriel Farias da Cruz como diretor do hospital. Gabriel já ocupou o cargo de diretor do Hospital Municipal Darcy Vargas, em São Gonçalo, quando Dimas era secretário municipal de saúde. Além disso, Carlos Vinícius Ramos Rolla, advogado de formação, foi nomeado chefe administrativo responsável por todas as compras do hospital. Carlos também trabalhou na Secretaria de Saúde de São Gonçalo durante o mandato de Dimas como secretário.
Gabriel Farias: assumi o cargo há dois meses e os problemas já existiam, porém o desabastecimento foi resolvido e os exames que dependem do aparelho de endoscopia.
Funcionários que preferiram não se identificar relatam que Dimas Gadelha exerce um controle absoluto sobre o hospital, nomeando e demitindo pessoas de acordo com suas conveniências políticas, substituindo profissionais experientes por outros sem a devida experiência na área da saúde.
As denúncias também apontam para uma estratégia política por trás do loteamento do Hospital de Bonsucesso, com o objetivo de angariar votos para a próxima eleição. Pacientes de São Gonçalo estariam sendo atendidos na emergência do hospital para furar a fila da regulação, atendendo a pedidos políticos.
Diante das acusações, o Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde afirmou que está trabalhando para reabrir vagas e recompor os estoques do hospital. Segundo eles, um grupo de trabalho foi criado para apoiar e acompanhar a reestruturação das unidades hospitalares federais. O diretor do Hospital Federal de Bonsucesso, Gabriel Farias, afirmou que assumiu o cargo há dois meses e que os problemas já existiam, porém o desabastecimento foi resolvido e os exames que dependem do aparelho de endoscopia voltaram a ser marcados.
Por sua vez, o deputado Dimas Gadelha atribuiu os problemas mencionados na reportagem à falta de investimentos e ao abandono do hospital ao longo dos anos. Ele afirmou ter confiança na equipe recém-nomeada pelo Ministério da Saúde, ressaltando que todos os profissionais foram avaliados pelos órgãos competentes, que comprovaram sua experiência técnica e curricular para exercerem suas funções.
Enquanto o embate político continua, a população sofre as consequências da falta de recursos, insumos e da gestão questionável do Hospital Federal de Bonsucesso, esperando que as medidas necessárias sejam tomadas para garantir um atendimento de qualidade e salvar vidas.