Santa Catarina enfrenta uma crescente preocupação com os casos de violência nas escolas, que atingiram números alarmantes no primeiro semestre de 2023.
De acordo com o painel do NEPRE (Núcleo de Educação e Prevenção às Violências na Escola), vinculado à Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina (SED/SC), o estado registrou 3.710 casos de violência nesse período, representando um aumento de 58% em relação ao mesmo período de 2022.
Os dados revelam uma tendência preocupante, com os sete primeiros meses de 2023 já superando o total de ocorrências registradas durante o mesmo período no ano anterior. Em 2022, foram contabilizados 2.351 casos de violência nas escolas estaduais, enquanto em 2023 esse número saltou para 3.749.
Os tipos de violência relatados incluem agressões físicas e verbais, bem como situações de bullying, que continuam a afetar negativamente o ambiente escolar.
A maioria das ocorrências ocorreu no período matutino e dentro das salas de aula, evidenciando a necessidade de medidas preventivas para garantir a segurança dos alunos, professores e demais membros da comunidade escolar.
A análise dos motivos por trás das violências indica que as “dificuldades comportamentais e emocionais” foram responsáveis por 605 conflitos, seguidas pela intolerância com 262 ocorrências.
Além disso, uma categoria intitulada “outros” concentrou o maior número de registros, com 930 casos de violência.
Os dados sobre as vítimas também são preocupantes, totalizando 14.678 pessoas afetadas pelas ocorrências de violência nas escolas catarinenses.
Desse número, a maioria são estudantes, com 3.698 alunos impactados, seguidos por 261 professores, 306 gestores e até mesmo 1.828 pais e responsáveis.
Quanto aos agressores, o levantamento revela que 6.431 pessoas foram identificadas como responsáveis pelos casos de violência em 2023. A maioria dos agressores é do sexo masculino, totalizando 3.486 indivíduos.
Surpreendentemente, a maioria dos agressores também são estudantes, com 3.601 casos, seguidos por 673 agressores que são professores e 493 que são pais ou responsáveis, com 1.650 casos classificados sob a categoria “outros”.
A análise por região educacional mostra que Criciúma, localizada no sul do Estado, é a que apresenta o maior número de ocorrências, totalizando 381 casos.
A região da Grande Florianópolis registrou 318 ocorrências, e Itajaí aparece em terceiro lugar com 297 casos de violência nas escolas.
Diante do cenário preocupante, o governo federal sancionou recentemente uma lei que implementa um “disque-denúncia” de violência nas escolas brasileiras.
Em Santa Catarina, essa medida pode ser somada ao já existente “Nepre-online”, uma ferramenta online para registro e acompanhamento de situações de violência nas escolas estaduais.
Espera-se que tais iniciativas possam fortalecer a rede de proteção de crianças e adolescentes e proporcionar um canal eficiente e anônimo para denúncias.
Para combater a violência nas escolas, é essencial abordar suas causas raiz, como fatores familiares, questões estruturais nas instituições educacionais e problemas sociais como desigualdade, sexismo e racismo.
Além disso, é fundamental promover a conscientização sobre o problema e investir em práticas respeitosas e medidas de suporte e apoio aos envolvidos em situações de violência.
Em suma, o aumento drástico dos casos de violência nas escolas de Santa Catarina é um alerta para a sociedade e os órgãos responsáveis, exigindo ações urgentes e efetivas para garantir um ambiente escolar seguro, inclusivo e propício ao desenvolvimento educacional e social dos alunos.