As autoridades equatorianas executaram no sábado (12) a transferência do líder do grupo criminoso mais poderoso do país, José Adolfo “Fito” Macías, conhecido por liderar o temido grupo “Los Choneros”, de um presídio de Guayaquil para uma prisão de segurança máxima, reascendendo questões de segurança nacional, crime organizado e política.
A operação envolveu cerca de 4.000 presos fortemente armados, apoiados por veículos militares blindados, que invadiram o Centro de Privação da Liberdade Regional Número 8 de Guayaquil. A transferência do líder criminoso aconteceu na madrugada, e imagens divulgadas nas redes sociais mostram um “Fito” Macías obeso e barbudo sendo escoltado por agentes. A autoridade carcerária estatal SNAI confirmou que o líder estava recluso ali desde 2011.
José Adolfo “Fito” Macías, que controlava um pavilhão inteiro na prisão anterior, é o líder do notório grupo “Los Choneros”, cujo nome ganhou destaque na mídia equatoriana após a morte a tiros do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Villavicencio, um centrista que estava em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, foi assassinado em Quito, gerando comoção e alarme na nação.
O presidente assassinado havia declarado publicamente que “Fito” Macías ou estava ameaçado de morte. Em uma entrevista antes de sua morte, Villavicencio relatou ter recebido ameaças por meio de intermediários, incluindo uma mensagem de texto e um contato direto, alertando-o para cessar suas menções a “Los Choneros”. O assassinato de Villavicencio deixou uma nação em choque e negociações sobre a conexão entre o crime organizado e a política.
O presidente equatoriano, Guillermo Lasso, anunciou posteriormente a transferência de “Fito” para uma prisão de segurança máxima conhecida como La Roca, parte do mesmo complexo penitenciário. Essa medida visa aumentar a segurança em torno do líder criminoso e, ao mesmo tempo, enviar uma mensagem forte de que o governo está determinado a combater a influência do crime organizado na esfera política e social do país.
Este evento marcante ocorre em um momento crucial, apenas uma semana antes das eleições gerais no Equador, que foram antecipadas pelo próprio presidente Lasso após a dispensa da Assembleia Nacional opositora, em meio a alegações de corrupção. A questão do narcotráfico tem sido um tema central na corrida eleitoral, uma vez que a influência do crime organizado molda as discussões políticas e a segurança nacional.
A morte de Fernando Villavicencio, condenada pela comunidade internacional, incluindo a ONU, OEA, Estados Unidos e União Europeia, gerou um debate sobre os desafios enfrentados pelo Equador no combate ao crime organizado e à violência. O Papa Francisco expressou suas condolências e repúdio à violência que assola o país, enfatizando a necessidade de se combater uma violência injustificável.
Enquanto o país lamentava a perda de um candidato promissor, o partido Construye, ao qual Villavicencio esperava, anunciou que a ambientalista Andrea González assumiria sua posição como candidata presidencial. Isso marcou um ponto de virada na corrida eleitoral, acrescentando mais complexidade a um cenário político já tenso e desafiador.
Neste domingo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) promoverá um debate entre os pré-candidatos à Presidência do Equador, uma oportunidade crucial para que os candidatos entendam as visões e abordagens dos candidatos em meio a essa conjuntura única e desafiadora.