O cenário político nos Estados Unidos é mais uma vez em ebulição, com uma disputa interna no Partido Republicano que pode ter repercussões significativas para o futuro da liderança da Câmara dos Deputados do país. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, enfrentou um desafio à sua liderança por parte de um colega republicano, o deputado Matt Gaetz, em uma batalha que pode lançar o Congresso em um período de turbulência sem precedentes.
Na terça-feira, McCarthy anunciou que a Câmara dos Representantes votará no final do dia uma moção apresentada por Gaetz, que tem sido um ferrenho crítico de McCarthy. Esse movimento, se aprovado, marcaria a primeira vez na história dos Estados Unidos em que os legisladores da Câmara destituíram seu próprio líder. McCarthy, apesar dos desafios, expressou confiança em sua capacidade de manter a carga, afirmando aos repórteres: “Estou confiante de que vou aguentar.”
A votação está programada para fechar por volta das 13h30 (17h30 GMT) e pode assumir diferentes formas, incluindo uma votação direta ou uma votação para marginalizar a moção de Gaetz. No entanto, se McCarthy sobreviver à votação, Gaetz poderá procurar outra tentativa.
Esta luta pelo controle da liderança ocorre em um momento crítico, quando as disputas internacionais republicanas já levaram Washington à beira de uma paralisação parcial do governo. McCarthy, no entanto, contou com o apoio de alguns republicanos, como o deputado Darrell Issa, que afirmou: “Não acredito que haja qualquer dúvida de que há apenas uma pessoa preparada para liderar o nosso partido. Isso é compreendido por mais de 95% dos membros.”
A situação é delicada para McCarthy, já que o partido controla a Câmara com uma maioria estreita de 221-212. Isso significa que apenas cinco deserções republicanas, votos somados aos democratas, seriam suficientes para ameaçar sua permanência no poder.
O líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, manteve-se discreto quanto à posição de seus membros, afirmando que desejam trabalhar com os republicanos, mas que a decisão final está nas mãos dos colegas do outro partido.
Os democratas demonstraram desconfiança em relação a McCarthy, especialmente depois que ele reduziu um acordo sobre gastos com o presidente democrata Joe Biden e apoiou uma investigação de impeachment do presidente. Vários democratas afirmaram que não votarão para mantê-lo no cargo.
Também é importante destacar que a Casa Branca parece relutante em apoiar McCarthy, conforme relatado por fontes do governo que preferem não se identificar. Esta reticência parece ser compartilhada pelos republicanos de extrema direita, como Gaetz, que ficaram irritados com a estratégia de McCarthy de buscar votos democratas para aprovar uma extensão temporária de financiamento, evitando assim uma paralisação parcial do governo.
Além das questões políticas, algumas alegações de que a motivação de Gaetz pode estar relacionada à busca por publicidade, ambição pessoal ou ressentimento devido a uma investigação ética em andamento sobre possível má conduta sexual e uso de drogas ilícitas. Gaetz nega qualquer irregularidade e insiste que sua motivação não é pessoal.
Enquanto o Partido Republicano lida com essa disputa interna, há vozes dentro da própria legenda que clamam por foco na legislação e na solução dos desafios do país, em vez de lutas internas que ameaçam paralisar o governo. O deputado republicano Steve Womack resumiu a opinião de muitos ao afirmar: “Este país não precisa de mais drama”.