A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro caminha para a reta final de suas atividades. A senadora Eliziane Gama, relatora da comissão, está prestes a apresentar seu extenso parecer na manhã desta terça-feira (17). O documento, com mais de mil páginas, reflete os quatro meses de investigação e análise dos acontecimentos ocorridos no início do ano.
A CPMI, que foi idealizada pela oposição, mas controlada pelos governantes, não conseguiu forçar a abertura de novas linhas de investigação. O foco da comissão se concentrou em duas questões centrais: a suposta tentativa de golpe liderada por Jair Bolsonaro, com o apoio de militares próximo a ele, e a omissão de autoridades federais na área de segurança.
A expectativa é que a maioria governamental aprove o parecer de Eliziane Gama na quarta-feira, após o cumprimento do prazo de pedidos de vista. No entanto, a relatora não conseguiu reunir provas sólidas para sustentar a narrativa de conspiração golpista, apesar de provavelmente solicitar o indiciamento de alguns envolvidos. A oposição, por sua vez, apresentará ao menos dois relatórios paralelos, ambos com destaque para a omissão de autoridades federais da área de segurança.
A CPMI gerou impasses internos e com o Judiciário ao longo de sua trajetória. Foram apenas realizados 20 dos 47 depoimentos autorizados, com o depoimento mais esperado pela oposição, o comandante da Força Nacional, ficando de fora. O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que convocados se ausentassem da oitiva na CPMI, prejudicando as investigações, segundo a relatora.
Eliziane Gama, por sua vez, apostou na íntegra a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, valendo-se de vazamentos de trechos publicados pela imprensa e “informações sigilosas” que chegaram à CPMI. A senadora espera que seu parecer forneça “subsídios robustos” para o Ministério Público Federal e os inquéritos presididos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.