Nos últimos três dias, a França testemunhou uma onda de protestos e distúrbios em várias cidades do país após a morte de um jovem por um policial. As manifestações foram desencadeadas pelo assassinato de Nahel, um adolescente de 17 anos de ascendência norte-africana, e geraram intensas discussões sobre discriminação, violência policial e racismo sistêmico. O governo de Emmanuel Macron, que já enfrentou outros desafios recentemente, está lutando para restaurar a ordem e recuperar o controle da situação
Após cinco noites de tumultos generalizados, o governo francês recebeu um alívio momentâneo com a relativa calma na última noite. No entanto, desde a terça-feira em que o jovem Nahel foi baleado, carros foram incendiados, lojas saqueadas e propriedades atacadas, especialmente em subúrbios de baixa renda e racialmente mistos nas principais cidades francesas. Os focos de conflito foram observados em cidades como Paris, Estrasburgo, Marselha e Nice.
O Ministério do Interior tomou medidas drásticas para conter os distúrbios, mobilizando até 45.000 policiais nas ruas todas as noites. Embora a maioria dos conflitos tenha sido concentrada nos subúrbios, houve ocasionais confrontos em áreas turísticas, como a famosa avenida Champs-Élysées em Paris. Até o momento, mais de 2.000 pessoas foram presas em decorrência dos protestos, com 157 detenções apenas na última noite, em comparação com mais de 700 na noite anterior e mais de 1.300 na sexta-feira.
Os distúrbios têm como pano de fundo queixas de discriminação, violência policial e racismo sistêmico, alegados por grupos de direitos humanos e moradores dos subúrbios de baixa renda. Embora as autoridades neguem essas acusações, a morte de Nahel gerou uma discussão mais ampla sobre essas questões sociais e políticas no país.
A avó do jovem Nahel fez um apelo à calma durante uma entrevista à BFM TV, afirmando que os manifestantes estavam usando a morte de seu neto como pretexto para causar destruição. Ela pediu para que a violência fosse interrompida, ressaltando que são as mães que utilizam o transporte público e que desejam evitar danos às propriedades.
Para o presidente Emmanuel Macron, esses protestos representam sua maior crise desde os movimentos dos “coletes amarelos” no final de 2018, que se manifestaram contra os preços dos combustíveis. Macron adiou uma visita de Estado à Alemanha para lidar com a crise em seu país, tendo que deixar uma cúpula da União Europeia mais cedo. Ele planeja se reunir com líderes do Parlamento nesta segunda-feira e com mais de 220 prefeitos das áreas afetadas pelos distúrbios na terça-feira.
O policial envolvido no incidente reconheceu ter disparado um tiro letal, alegando que sua intenção era evitar uma perseguição policial perigosa. Seu advogado afirmou que não houve intenção de matar o adolescente, mas isso não tem amenizado as tensões nas ruas da França.
A França enfrenta uma onda de protestos e distúrbios após a morte de um jovem por um policial. Os conflitos ressaltam questões de discriminação, violência policial e racismo sistêmico, levando o governo de Emmanuel Macron a tomar medidas para restaurar a ordem e recuperar o controle da situação. A situação é considerada a pior crise para Macron desde os protestos dos “coletes amarelos” em 2018. A sociedade francesa busca respostas e a reconciliação em meio a esse cenário de tensão e incerteza.
Quem foi Nahel M. e o que aconteceu?
Nahel M., um jovem de 17 anos, foi morto a tiros por um policial na França, resultando em protestos e tumultos por várias cidades. Nahel se recusou a acatar um controle policial e foi baleado à queima-roupa. Sua morte gerou indignação e solidariedade, levando a comunidade a considerá-lo como um símbolo da luta contra a injustiça. Apesar de não ter antecedentes criminais, Nahel havia tido confrontos anteriores com a polícia.