Empresas de todo o mundo foram pegas de surpresa pela decisão da China de importações às exportações de metais amplamente utilizados em semicondutores e veículos elétricos. A medida, anunciada de forma abrupta na segunda-feira (04), provocou a preocupação de que as exportações de terras raras também pudessem ser controladas, levando fornecedores do setor a correrem para garantir o fornecimento. Essa ação tem o potencial de agravar ainda mais a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos e causar continuidade nas cadeias de suprimentos globais.
O Ministério do Comércio Chinês afirmou que as restrições, que entrarão em vigor em 1º de agosto, têm como objetivo proteger a segurança nacional. No entanto, analistas veem a medida como uma resposta aos esforços crescentes dos Estados Unidos para conter os avanços tecnológicos da China. O anúncio ocorreu na véspera do Dia da Independência dos EUA e pouco antes de uma visita iniciada à China pela secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.
Peter Arkell, presidente da Associação Global de Mineração da China, elogiou: “A China consome as restrições comerciais americanas onde dói”. Essa ação estratégica da China destaca a dependência de muitos países desses metais cruciais e ressalta a dificuldade de encontrar substitutos a curto prazo.
Os metais imunes pelas restrições de exportação incluem o gálio e o germânio, que são amplamente utilizados em indústrias de alta tecnologia além de semicondutores e veículos elétricos. Essa nova medida levanta preocupações de que a China possa importar restrições semelhantes às exportações de terras raras, um grupo de metais essenciais para veículos elétricos e equipamentos militares, no futuro próximo. A China é o maior produtor mundial desses metais.
Dados alfandegários comprovam que, em 2022, os principais importadores de produtos de gílio da China foram Japão, Alemanha e Holanda, enquanto os principais importadores de produtos de germânio foram Japão, França, Alemanha e Estados Unidos. Essas nações estão entre as mais impactadas pelas restrições de exportação anunciadas.
Como resultado das restrições, as empresas estão solicitando licenças de exportação para garantir o fornecimento e minimizar a continuidade para seus clientes. Fabricantes de semicondutores dos Estados Unidos, como a AXT Inc., estão tomando medidas para obter as licenças necessárias. Enquanto isso, produtores chineses de germânio estão recebendo consultas dos compradores durante a noite, causando um aumento nos preços.
A Comissão Europeia expressa preocupação com essa mudança repentina e seus potenciais efeitos nas fábricas de alta tecnologia. Além disso, o grupo industrial alemão BDI argumenta que essa situação ressalta a necessidade de uma maior independência em relação às matérias-primas.
Embora as restrições de exportação não tenham como destino países específicos, os analistas alertam que a China pode tornar a exportação mais difícil e negar licenças para determinados destinos. Essa ação pode levar empresas de semicondutores a buscar alternativas de materiais, caso os preços de produtos à base de gás e germânio aumentem devido à escassez de oferta.
Há também uma preocupação de que essas restrições sejam uma escalada nas tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos. Enquanto a China controla a exportação, os Estados Unidos estão considerando novas restrições ao envio de microchips de alta tecnologia para a China. Essas ações podem acirrar ainda mais a disputa e aumentar o risco de uma escalada rápida das fortes entre as duas potências.