fbpx

Montevidéu enfrenta crise hídrica e corre o risco de ficar sem água

Montevidéu, a capital do Uruguai, está à beira de uma grave crise hídrica que ameaça deixar a cidade sem água. A qualidade da água corrente na região tem piorado ao longo do ano devido à seca e ao esgotamento dos reservatórios que abastecem a região. A situação é tão crítica que centenas de milhares de uruguaios deixaram de beber água da torneira ou usá-la para preparar suas bebidas. Essa escassez de água afeta não apenas a produção agrícola, mas também o dia a dia da vida dos mais de 3,5 milhões de habitantes do país.

A falta de chuvas e o esgotamento dos reservatórios: O Uruguai, conhecido por ser um país próximo a um dos rios mais largos do mundo e que acreditava ter reservas de água infinitas, enfrenta atualmente a pior seca em 74 anos. Nos últimos três anos e meio, a precipitação pluviométrica ficou 25% abaixo da média histórica, e no primeiro semestre de 2023, a queda chegou a 43%. O sul do país é a região mais afetada, e o Instituto Uruguaio de Meteorologia afirma que o período atual é o mais seco desde 1947.

A crise da água potável: A qualidade da água corrente em Montevidéu e cidades próximas tem sido comprometida devido à falta de chuvas e ao esgotamento dos reservatórios. A represa Paso Severino, principal fonte de água doce da região, está com apenas 3% de sua capacidade, chegando a atingir 1,7% no início de julho. Para garantir o fornecimento contínuo de água, o governo autorizou a mistura da água do rio da Prata, que possui maior concentração de sal e cloreto, com os estoques de água existentes. No entanto, essa água tratada contém níveis mais altos de sódio, cloreto e compostos químicos como trialometanos.

As obras para instalar uma adutora que leva água de outro rio até a bacia que abastece Montevidéu não foram feitas com antecedência. — Foto: GETTY IMAGES

O problema do planejamento e investimento: Especialistas apontam que a crise hídrica no Uruguai é resultado não apenas da falta de chuvas, mas também da falta de planejamento e investimento adequados por parte dos sucessivos governos. A construção de um novo reservatório na cidade de Casupá, que poderia ter sido uma medida preventiva, foi adiada diversas vezes. Os investimentos em reparos e melhoria das tubulações também foram negligenciados, resultando em perdas de água significativas.

Diante da crise, o governo decretou estado de emergência hídrica e adotou medidas extraordinárias, como a construção de barragens de emergência, a compra de uma dessalinizadora e a instalação de uma tubulação para trazer água de outro rio até a estação de tratamento de água. No entanto, a discussão sobre a solução de longo prazo tem sido politizada. O governo atual apoia a construção de uma estação de tratamento de água na cidade costeira de Arazatí, enquanto a oposição defende o projeto Casupá, que teria um custo mais baixo. Especialistas destacam a necessidade de conscientização da população sobre o consumo de água e ressaltam a importância de investimentos a longo prazo para lidar com a escassez de recursos hídricos.

A crise hídrica em Montevidéu e região representa uma séria ameaça ao abastecimento de água na capital uruguaia. A falta de chuvas e o esgotamento dos reservatórios têm comprometido a qualidade da água disponível, levando muitos uruguaios a deixarem de consumir água da torneira. A situação evidencia a falta de planejamento e investimento adequados por parte dos governos passados. Medidas emergenciais estão sendo adotadas, mas é fundamental que sejam implementadas soluções de longo prazo para evitar uma crise ainda mais grave no futuro. A conscientização da população sobre o consumo responsável de água também é essencial para enfrentar essa crise hídrica.

LEIA TAMBÉM