França evacua cidadãos devido a sentimentos anti-franceses após golpe no Níger

Uma recente onda de instabilidade política no Níger tem causado preocupações crescentes para a comunidade internacional, levando a França a tomar medidas de evacuação de seus cidadãos do país africano. O golpe ocorrido na semana passada desencadeou uma série de manifestações anti-francesas, culminando em ataques à embaixada francesa na capital, Niamey.

A situação tornou-se ainda mais delicada à medida que outros países europeus, como Alemanha e Itália, também se preparam para evacuar os seus cidadãos do Níger. A Alemanha incentivou seus cidadãos a aceitar uma oferta de ajuda da França para a evacuação, enquanto a Itália organizou um voo para retirar seus compatriotas do país.

O alerta das juntas militares em Burkina Faso e Mali de que qualquer tentativa de restaurar o presidente deposto seria vista como uma declaração de guerra acrescentou tensão e discussão à região. Burkina Faso e Mali, também ex-colônias francesas, afastaram-se da França e se aproximaram da Rússia após golpes em seus respectivos países nos últimos anos.

Essa mudança de alianças e rejeita a antiga potência colonial francesa pode agravar ainda mais a situação já volátil em uma região que enfrenta uma insurgência militante islâmica.

O Níger, que possui ricos depósitos de urânio, tem sido um importante aliado do Ocidente na luta contra o extremismo jihadista no Sahel. Tanto a França quanto os Estados Unidos mantiveram bases militares no país. No entanto, a França foi forçada a redirecionar suas operações regionais de contraterrorismo para o Níger após os líderes militares do Mali decidirem fazer parceria com os mercenários russos do Grupo Wagner em 2021.

No último domingo, manifestantes em Niamey expressaram seu apoio à Rússia e seu descontentamento com a França ao atacarem a embaixada francesa e gritaram palavras de ordem em favor do presidente russo, Vladimir Putin. Essas ações aumentaram ainda mais as preocupações com a segurança dos cidadãos franceses no país.

Em resposta à situação delicada e ao fechamento do espaço aéreo do Níger, o Ministério das Relações Exteriores da França anunciou que as evacuações de seus cidadãos começarão na terça-feira. Cerca de 600 cidadãos franceses e menos de 100 alemães estão atualmente no Níger, enquanto a Itália possui cerca de 90 italianos, a maioria dos quais são militares.

Enquanto alguns países europeus optaram pela evacuação, o Reino Unido, por outro lado, não está organizando uma retirada de seus cidadãos e pediu que eles reivindicassem em casa. A União Europeia também declarou que, por enquanto, não planeia remover os seus funcionários do Níger.

A África Ocidental, representada pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS), emitiu um ultimato à junta do Níger, mostrando o restabelecimento do presidente eleito, Mohamed Bazoum. Essa pressão diplomática levou Burkina Faso e Mali a ameaçarem se retirar da CEDEAO caso haja uma intervenção militar da organização.

A situação permaneceu tensa, e a França recusou as alegações de que planejava uma intervenção militar no Níger. A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, tentou a possibilidade de a Rússia tentar se aproveitar da instabilidade regional, embora alegações concretas ainda não tenham sido comprovadas.

Enquanto a situação política permanece volátil, os preparativos para a evacuação de cidadãos ocidentais estão em andamento em Niamey. No entanto, a empresa francesa de combustível nuclear Orano afirmou que suas operações no Níger não serão isoladas, já que a maioria de sua equipe é composta por cidadãos nigerianos.

O mundo observa atentamente o desenrolar dos acontecimentos no Níger, consciente das lideranças internacionais e internacionais dessa crise política e dos desafios que ela representa para a luta contra o extremismo jihadista na região do Sahel. Resta esperar que uma solução diplomática seja encontrada para restabelecer a estabilidade e a paz no país africano.

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