Uma imagem de satélite mostra incêndios florestais perto de Yellowknife, Territórios do Noroeste, Canadá (Foto: Maxar Technologies)
O governo canadense elevou o tom de sua postura em relação à recente retenção de notícias domésticas impostas pelo Meta, exigindo que a gigante da tecnologia suspenda imediatamente as restrições. A medida, que bloqueou a disseminação de notícias em suas plataformas Facebook e Instagram, tem gerado polêmicas e, agora, despertou preocupações em meio a uma emergência nacional: os incêndios florestais que assolam o oeste do país.
A decisão da Meta de censurar notícias em suas plataformas canadenses foi uma resposta direta à implementação de uma nova lei que obriga as empresas de tecnologia a remunerar veículos de mídia por suas notícias. Sob essa nova legislação, gigantes da Internet, como o Meta, seriam compelidos a pagar por conteúdos jornalísticos publicados em suas plataformas. Contudo, essa ação parece ter resultado em consequências não intencionais e altamente prejudiciais.
Em uma reviravolta surpreendente, a atenção de notícias do Meta veio à tona como um obstáculo para os canadenses que buscam informações cruciais durante uma situação de emergência. Com o oeste do Canadá enfrentando uma série de incêndios florestais devastadores, algumas pessoas estão relatando dificuldades em compartilhar dados retidos sobre os incêndios devido às restrições impostas.
As críticas ao Meta e sua decisão “imprudente” ganharam respaldo de figuras-chave no governo. A ministra do Patrimônio, Pascale St-Onge, expressou em uma postagem nas redes sociais: “A escolha imprudente da Meta de bloquear notícias… está prejudicando o acesso a informações aguardadas no Facebook e no Instagram. Estamos pedindo a eles que restabeleçam o compartilhamento de notícias hoje para a segurança dos canadenses que enfrentam esta emergência. Precisamos de mais notícias agora, não menos.”
Tais preocupações foram ecoadas pelo ministro dos Transportes, Pablo Rodriguez, que permitiu a tolerância como um obstáculo ao acesso a informações cruciais em tempos de crise. O legislador do Partido Liberal, Chris Bittle, também denunciou a ação da Meta como “imprudente e irresponsável”.
Enquanto a situação se desenrola, a resposta da Meta até o momento se concentra na ativação do recurso “Verificação de segurança” no Facebook. Esse recurso permite que os usuários informem que estão seguros após desastres naturais ou crises. Além disso, a Meta afirma que os canadenses ainda podem acessar conteúdo de agências governamentais, serviços de emergência e organizações não governamentais por meio de suas plataformas.
No entanto, a gigante tecnológica sustenta que seus usuários não procuram sua plataforma em busca de notícias e argumenta que a imposição de pagamento por conteúdo compartilhado se mostra inviável para seus negócios.
Enquanto persiste a controvérsia, fica claro que a suspensão das notícias em meio a uma crise nacional não apenas prejudica o acesso à informação vital, mas também levanta questões mais amplas sobre o equilíbrio entre o poder das empresas de tecnologia e as necessidades urgentes da sociedade. O desenrolar dessa situação será acompanhado de perto, uma vez que coloca em foco as dinâmicas complexas entre inovação, regulação e o papel central da informação em nossa sociedade contemporânea.
