As autoridades paquistanesas abriram uma investigação criminal após a fuga de segredos de Estado envolvendo o ex-primeiro-ministro Imran Khan e três de seus assessores, conforme relatado por uma importante fonte de segurança nesta segunda-feira. O caso, atualmente sob investigação, gira em torno de um telegrama confidencial enviado a Islamabad pelo embaixador do Paquistão em Washington no início do ano passado, que supostamente teria sido tornado público por Khan.
Alegando que o telegrama fazia parte de uma conspiração dos Estados Unidos para influenciar os militares paquistaneses a derrubá-lo por meio de um voto parlamentar de desconfiança em 2022, Khan, o ex-jogador de críquete de 70 anos, recebeu a notificação. No entanto, tanto Washington quanto aos militares paquistaneses refutaram categoricamente qualquer envolvimento nesse plano claro.
Enquanto Khan já cumpriu uma sentença de três anos em um caso de corrupção e foi proibido de se envolver na política por cinco anos, a recente acusação de fuga de segredos oficiais lança ainda mais certeira sobre seu futuro político. Uma fonte de segurança diretamente envolvida na investigação informada à Reuters que como prova está sendo coletada para dar base a um processo que visa acusar Khan legalmente pelo vazamento.
O secretário de informação do partido de Khan, Rauf Hasan, optou por não comentar a situação. No entanto, Zulfi Bukhari, assessor próximo do ex-primeiro-ministro, argumentou que qualquer acusação contra Khan seria inconstitucional, citando a controvérsia em torno das recentes emendas à legislação, que o presidente Arif Alvi afirmou não ter assinado.
O ex-ministro das Relações Exteriores Shah Mehmood Qureshi, um dos três assessores mencionados no caso, já foi preso e colocado sob custódia da Agência Federal de Investigação (FIA) por quatro dias, conforme determinado por um tribunal. De acordo com documentos vistos pela Reuters, Khan e seus assessores são acusados de divulgar documentos classificados a pessoas não autorizadas, distorcendo fatos para atingir objetivos ocultos e ganhos pessoais, e usar o documento confidencial para benefício próprio em detrimento da segurança nacional.
Segundo especialistas jurídicos, a Lei de Segredos Oficiais do Paquistão espera sentenças de dois a 14 anos de prisão, ou até mesmo a pena de morte, para os acusados sob tal acusação. O documento que sustenta o caso enfatiza que Khan teria informações utilizadas classificadas para seu “interesse investido” e ainda detinha ilegalmente uma cópia do telegrama confidencial em questão.
Desde sua remoção do cargo de primeiro-ministro, Khan tem sido uma figura central na política paquistanesa, enfrentando uma série de desafios, incluindo protestos em todo o país e mais de 100 processos judiciais. A investigação em curso adiciona uma nova camada de complexidade ao já volátil cenário político do país.