No último domingo (03), a região de Odessa, no sul da Ucrânia, testemunhou um ataque que chocou o mundo e agravou ainda mais as tensões já acirradas entre a Ucrânia e a Rússia. Os drones atingiram a infraestrutura portuária crítica do rio Danúbio, uma ação que causou danos e feriu pelo menos duas pessoas, de acordo com as autoridades ucranianas.
A importância do rio Danúbio como via de exportação de cereais da Ucrânia ganhou destaque desde julho, quando a Rússia decidiu abandonar um acordo mediado pela ONU e Turquia que garante a passagem segura das exportações de grãos, oleaginosas e óleos vegetais de Kiev pelo Mar Negro . Esse ataque ocorreu justamente um dia antes de uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo turco, Tayyip Erdogan, no resort russo de Sochi, às margens do Mar Negro, onde a Turquia buscava reviver o referido acordo de cereais.
O Comando Militar do Sul da Ucrânia informou através das redes sociais que pelo menos duas pessoas morreram no ataque àquilo que denominou de “infraestrutura civil do Danúbio”. Segundo a Força Aérea Ucraniana, foram abatidos 22 dos 25 drones Shahed de fabricação iraniana lançados pela Rússia, uma resposta contundente à investida russa.
Embora as autoridades não tenham divulgado detalhes específicos sobre as instalações portuárias adquiridas, alguns meios de comunicação ucranianos relataram relatos no porto de Reni, que, juntamente com Izmail, é um dos dois principais portos da Ucrânia no rio Danúbio. Os militares ucranianos conseguiram extinguir rapidamente o incêndio resultante do ataque às instalações.
O Ministério da Defesa Russo, relatado pela Interfax, afirmou que o grupo de drones atingidos com sucesso depósitos de combustível no porto de Reni, que são utilizados pelas forças armadas ucranianas. Vale ressaltar que, até o momento, não foi possível verificar de forma independente esses relatórios.
Reni e Izmail têm sido alvo de repetidos ataques por parte de drones russos nas últimas semanas, intensificando as preocupações com a segurança das infraestruturas críticas ucranianas.
Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, expressou a sua indignação no Telegram, afirmando que “os terroristas russos continuam a atacar a infraestrutura portuária na esperança de provocar uma crise alimentar e fome no mundo”. Ele acompanhou suas palavras com a imagem de um bombeiro direcionando água para as ruínas em chamas de estruturas de concreto.
Vale destacar que o acordo cerealífero do Mar Negro, realizado em julho de 2022, tinha o objetivo de aliviar uma crise alimentar global. A Ucrânia é um grande produtor de grãos e sementes oleaginosas, e a interrupção de suas exportações após o início da guerra em fevereiro do ano passado contribuiu para o aumento dos preços globais dos alimentos para níveis recordes. A Rússia, por sua vez, alegou que o acordo criou obstáculos para suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes e que não havia quantidade suficiente de cereais ucranianos para atender à demanda global.
Esse ataque com drones na infraestrutura portuária do rio Danúbio apenas aprofunda a crise e o impacto na região, lançando uma sombra sobre as perspectivas de estabilidade e cooperação entre os países envolvidos. O mundo observa com preocupação e ansiedade os desdobramentos dessa crise, que tem implicações não apenas para a Ucrânia e a Rússia, mas também para o abastecimento global de alimentos e a segurança na região do Mar Negro.