‘Tirei o Capacete e Dei na Cabeça Dele’, Relata Herói”
Londres amanheceu com a Irlanda em choque, segundo as palavras do primeiro-ministro Leo Varadkar, e com um herói estampado nas manchetes.
Caio Benício, de 43 anos, residente em Dublin e trabalhador no setor de entregas, foi o protagonista ao conter o agressor que esfaqueou três crianças e dois adultos na entrada de uma escola no centro da capital, na última quinta-feira (23/11/2023).
Em um áudio compartilhado via WhatsApp com seus amigos, Caio relata que, ao passar de moto pelo local, interrompeu-se ao testemunhar o que parecia ser uma briga.
“Quando eu vi a faca, joguei a moto no chão e fui pra cima do cara que estava esfaqueando a criança de 5 anos no peito. Nem pensei em nada, tirei meu capacete, dei uma porrada na cabeça dele e derrubei o cara”, declarou Caio Benício.
Ao ser conduzido à delegacia para prestar depoimento, Caio admitiu estar nervoso. “Estava tremendo todo”, contou o brasileiro de Niterói, no Rio de Janeiro, que descreveu o agressor como “um maluco, não era terrorista”. A polícia ainda investiga a motivação por trás do crime.
O ataque desencadeou protestos contra imigrantes, resultando na prisão de 34 pessoas. Este foi o episódio mais violento testemunhado na capital irlandesa em décadas.
O chefe da polícia alertou sobre possíveis ações de grupos de extrema-direita no país, após cerca de 500 pessoas protestarem violentamente nas ruas de Dublin contra imigrantes.
Incêndios em ônibus e bondes, destruição de carros policiais e saques em 13 lojas marcaram o protesto. Os manifestantes detidos podem enfrentar até 12 anos de prisão.
O comissário da polícia ressaltou a perturbação causada pela propagação da ideologia de extrema-direita nas redes sociais.
O ressentimento de uma minoria na Irlanda contra imigrantes, que buscam asilo político em meio à crise econômica, tem sido um motivador de protestos recentes em frente a centros de refugiados.
Entretanto, o primeiro-ministro Leo Varadkar afirmou que o incidente não reflete o sentimento geral dos irlandeses, uma nação de imigrantes.
“Se as vítimas sobreviverem”, disse Caio ao jornal local, “serei grato por ter estado no lugar certo, na hora certa.” O brasileiro, pai de duas crianças, ainda se questiona sobre a possibilidade de ter agido mais rápido, dadas as circunstâncias de sua recuperação de uma cirurgia no joelho.
Com o capacete apreendido pela polícia como evidência, Caio solicitou outro emprestado para continuar seu trabalho como entregador.