No litoral norte da França, mesmo em pleno inverno, pequenas cidades têm percebido um fluxo incomum de visitantes em suas praias. A maioria desses visitantes são homens, que passam o dia percorrendo o litoral, muitos deles equipados com binóculos. Eles estão em busca de pacotes de cocaína que são trazidos pelo mar. Esse fenômeno começou há cerca de duas semanas, após sacos da droga terem sido encontrados nas praias, e agora é objeto de investigação policial.
O primeiro registro foi feito em 26 de fevereiro, quando um homem que caminhava na praia de Dranguet, em Réville, encontrou grandes pacotes de cocaína cobertos por lona encalhados na areia, aparentemente trazidos pelas ondas. Ao redor dos pacotes, diversos coletes salva-vidas foram encontrados. O achado suspeito foi imediatamente relatado à polícia, dando início ao caso conhecido como “maré de cocaína” na França.
Após investigação, a polícia encontrou 800 kg de cocaína dentro dos pacotes hermeticamente fechados. A quantidade era tanta que foi necessário utilizar um trator para retirá-los da praia. Nos dias seguintes, novos pacotes continuaram a ser encontrados ao longo da costa, totalizando duas toneladas de droga recuperadas pela polícia em apenas uma semana.
Desde então, pequenas cidades do litoral norte têm observado um influxo de visitantes que não são habituais na região. São homens jovens, alguns deles em grupos, e muitos encapuzados, que vêm de diversas partes da França, como Paris, Bordeaux e Grenoble, de acordo com a imprensa local. Eles passam horas caminhando nas praias e dirigindo ao longo da costa, em busca do pote de ouro que pode ser encontrado nos pacotes de cocaína perdidos.
A expectativa de encontrar um pacote desses é enorme, já que um quilo de cocaína pode ser vendido a preços que variam entre US$ 70 mil (R$ 360 mil) e US$ 180 mil (R$ 930 mil) no mercado europeu. No entanto, essa busca tem sido chamada de narcoturismo, e alertas têm sido feitos aos interessados sobre os riscos de se envolver em crimes. Quem encontra um pacote desses na praia e guarda para si corre o risco de ser condenado a dez anos de prisão e até sete milhões de euros em multas.
Além disso, as autoridades temem um problema de saúde pública, já que a cocaína encontrada é muito mais pura do que a droga que é comumente encontrada no mercado e pode levar os usuários desavisados à morte. A origem da droga ainda é desconhecida, mas a polícia francesa suspeita que os pacotes estavam presos a coletes salva-vidas de fabricação brasileira. Acredita-se que a droga tenha sido enviada para um ponto específico da costa francesa para ser recebida por grupos de traficantes locais, mas tenha acabado sendo jogada no mar