Integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil, tiveram acesso ao sistema de monitoramento de câmeras do governo do São Paulo, o Detecta, de acordo com investigações da Operação Sequaz da Polícia Federal. O sistema foi lançado em 2014 e realiza o reconhecimento automático de veículos através das câmeras de monitoramento.
A descoberta ocorreu após a Justiça retirar o sigilo da investigação sobre o plano de sequestro e morte do senador Sérgio Moro. Em mensagens obtidas pela polícia, um suspeito pede a um “parceiro” informações sobre a localização de um veículo do qual ele tem interesse. Logo depois, o suspeito pede o percurso realizado pelo veículo nos últimos dias, solicitando ajuda para encontrar as informações no Detecta.
Em resposta, o outro homem envia uma imagem ao suspeito com todas as informações do veículo, que aparece como propriedade da Polícia Civil, se tratando de uma viatura policial descaracterizada. “Temos indicativo claro de que os investigados têm acesso a dados que deveriam ser sigilosos, o que permite a eles agir com desenvoltura na prática de crimes, pois conseguem identificar veículos das forças de segurança”, afirmou o delegado da PF Martin Bottaro.
A descoberta levanta sérias preocupações sobre a segurança pública em São Paulo e a proteção de autoridades. Acesso a informações confidenciais como esta pode permitir que criminosos evitem áreas monitoradas, identifiquem agentes de segurança e planejem ações criminosas com maior eficácia.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou em nota que está ciente da situação e que medidas estão sendo tomadas para reforçar a segurança do sistema Detecta. A Polícia Federal continuará investigando a questão para identificar como os criminosos obtiveram acesso aos dados confidenciais e se há mais indivíduos envolvidos na prática.