O encontro entre o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido essa semana em Brasília, despertou sentimentos intensos e reabriu feridas em venezuelanos que conseguiram escapar do regime chavista e buscar refúgio no Brasil. Para muitos deles, essa visita trouxe à tona lembranças dolorosas de um passado marcado pelo medo, ansiedade e repulsa.
Um relato desses é o do jovem costureiro Ricardo Seijas, de 26 anos, que foi forçado a abandonar seu sonho de se tornar dentista na cidade natal de Ciudad Bolívar, a cerca de 600 milhas de Caracas, para escapar da repressão de Maduro. Em 2018, quando seu nome apareceu em uma lista de estudantes procurados pela polícia por participação em protestos estudantis contra o regime, Seijas viu seu mundo desmoronar. Sem muitas cerimônias, ele deixou sua família para trás e se juntou a emigração venezuelana que começava a entrar no Brasil, segundo a Revista Oeste.
Depois de chegar a Boa Vista, capital de Roraima, Seijas encontrou apoio na Operação Acolhida e, posteriormente, conseguiu trabalhar em Brasília como costureiro. Ele conseguiu trazer sua mãe em 2020, mas a situação na Venezuela continua difícil para os que ficaram. Seijas relata a brutal crise econômica que assola o país, onde o dinheiro perdeu seu valor devido à economia galopante. Apenas os membros do governo desfrutam de poder aquisitivo real, alguns adquirindo bens que não lhes pertencem anteriormente.
A presença de Maduro no Brasil trouxe à tona outros pesadelos vividos por Seijas. Ele lembra da restrição de produtos nas prateleiras dos supermercados, do aumento dos preços dos alimentos e do fortalecimento do mercado negro. Saques a estabelecimentos comerciais se tornaram comuns em meio à crise que assolava o país. Até mesmo a distribuidora de bebidas da família de Seijas, única fonte de sustento de sua mãe viúva, foi saqueada. Seijas ainda tem os pais na Venezuela e recebe poucas informações sobre sua situação.
O relato de Seijas ecoa o sentimento de indignação e tristeza compartilhado por Elizabeth Jimenez, dona de casa de 39 anos. Ao saber da presença de Maduro no Brasil, ela se sentiu desrespeitada e indignada, pois considera o que o ditador faz na Venezuela como algo desumano. Elizabeth lamenta as dificuldades financeiras enfrentadas por sua família e a falta de acesso a medicamentos, que evoluiu na morte de sua tristeza devido à falta de tratamento adequado. Em 2018, ela e sua família decidiram buscar uma vida melhor no Brasil, estabelecendo-se em Curitiba.
Dey Salvador, professor de engenharia de produção, também teve sua vontade de lecionar sufocada pela ditadura venezuelana. Ele e sua esposa deixaram a Venezuela em busca de especialização no Brasil, com o objetivo de retornar e contribuir para o desenvolvimento de seu país. No entanto, com o agravamento do regime, nunca mais pude voltar e estabelecer-se em Salvador. As informações que chegam até eles são por meio de familiares e amigos que ainda estão na Venezuela, revelando a separação e a segregação que o chavismo trouxe às famílias venezuelanas.
A visita de Maduro ao Brasil e o encontro com Lula provocaram indignação e tristeza em Salvador. O professor destaca a importância de reconhecer a crise humanitária que assola a Venezuela, repudiando a tentativa de invisibilizá-la ao chamá-la de “narrativa”. Os fatos são incontestáveis, e é essencial que os líderes políticos se solidarizem com a situação e busquem soluções para o sofrimento do povo venezuelano.
Os relatos de Ricardo Seijas, Elizabeth Jimenez e Dey Salvador representam apenas algumas das milhares de histórias vividas por venezuelanos que encontraram no Brasil um refúgio seguro diante da ditadura chavista. Essas histórias são um seguido de que a luta pela liberdade e pelos direitos humanos é uma batalha constante que precisa ser apoiada e divulgada. É preciso amplificar as vozes daqueles que vigiam com o regime opressor e buscar soluções para que o povo venezuelano possa reconstruir seus sonhos e viver em um país livre.
As lembranças dolorosas despertadas pela visita de Maduro ao Brasil são um resultado de que a ditadura e suas consequências estão longe de serem esquecidas. O verdadeiro rosto da ditadura é revelado por relatos de sobreviventes como Ricardo Seijas, Elizabeth Jimenez e Dey Salvador, que mostram como atrocidades vividas pelos venezuelanos a necessidade urgente de ações para combater essa realidade.
É essencial que os líderes políticos e a comunidade internacional estejam atentos e tomem medidas efetivas para ajudar o povo venezuelano a superar essa crise humanitária. Não podemos permitir que as histórias de sofrimento sejam silenciadas ou tratadas como meras narrativas. É hora de agir e apoiar aqueles que lutam pela liberdade e pela direção em um país vizinho.
A ditadura na Venezuela não é narrativa, é uma realidade perturbadora.