A servidora pública Fernanda Barbieri está vivendo um verdadeiro pesadelo. Há seis anos, ela vem sofrendo agressões físicas, verbais, patrimoniais e até mesmo sexuais por parte de seu ex-marido, um promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná. Mesmo após a condenação, o agressor não foi afastado de suas funções, o que deixa Fernanda ainda mais desamparada diante da morosidade da Justiça em punir o ex-companheiro.
Fernanda enfrentou inúmeras situações de violência ao longo dos anos. O promotor, identificado como Bruno Vagaes, jogou água quente nela, ameaçou levar a filha embora e proferiu ameaças constantes. A medida protetiva concedida pela Justiça para garantir a segurança de Fernanda já foi descumprida 101 vezes pelo agressor.
A vítima, que se sente refém da situação, decidiu quebrar o sigilo do processo como última tentativa de ser ouvida. Ela está impossibilitada de sair de casa e adotou o home office como forma de se proteger. Fernanda relata que sua vida social foi completamente abalada, não podendo ir ao trabalho ou sequer permanecer em sua própria residência em Londrina, pois Bruno alugou um apartamento próximo.
Um dos episódios mais traumáticos ocorreu em 2019, quando Bruno foi condenado a três anos e seis meses de reclusão por importunação sexual. Ele tocou partes íntimas de Fernanda enquanto ela dirigia, na presença da filha pequena e de um amigo do agressor. Essa condenação, no entanto, não foi suficiente para afastá-lo de sua posição no Ministério Público.
Laudos médicos judiciais revelaram que o agressor sofre de transtorno bipolar e alcoolismo. Procurado por meio de seu advogado, Bruno optou por não se pronunciar sobre o assunto.
Fernanda vive na esperança de que a Justiça seja feita, mas enfrenta constantes atualizações processuais, aguardando por uma resolução que parece cada vez mais distante. Enquanto isso, ela vive com medo, sem poder desfrutar de uma vida social e sem conseguir trabalhar.
O caso de Fernanda expõe falhas no sistema de proteção às vítimas de violência doméstica. Mesmo com provas contundentes e o descumprimento reiterado da medida protetiva, o agressor continua em liberdade e exercendo suas funções como promotor de Justiça.
A defesa de Fernanda pede que as instituições tratem o caso com o rigor que a gravidade dos fatos exige. O Ministério Público do Paraná, responsável pela atuação do promotor, não se pronunciou diretamente sobre as denúncias, alegando sigilo, mas informou que acompanha o caso por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos.
Enquanto Fernanda aguarda por justiça, é crucial refletirmos sobre a importância de uma resposta efetiva e rápida diante de casos de violência doméstica. A segurança e o bem-estar das vítimas devem ser prioridade, e a impunidade não pode ser tolerada, mesmo quando os agressores ocupam posições de poder.