Nesta terça-feira, 17, o Brasil está em destaque no cenário internacional, à medida que preside uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), convocada para discutir a guerra em curso entre Israel e o grupo terrorista Hamas. O Conselho de Segurança é a única instância internacional com a autoridade para legitimar o uso da força em casos de ameaça à paz, ruptura da paz e atos de agressão. A reunião de ontem rejeitou a proposta de resolução da Rússia sobre o conflito na Faixa de Gaza, gerando controvérsias e divisões.
A proposta russa, que pedia um “cessar-fogo humanitário imediato, duradouro e plenamente respeitado” e um acesso humanitário “sem obstáculos” à região de Gaza, condenava “veementemente toda a violência e hostilidades contra os civis e todos os atos de terrorismo”, além de pedir a liberação de “todos os reféns” sob custódia do grupo islâmico. No entanto, o nome ‘Hamas’ não foi incluído no texto, o que levou os Estados Unidos a rejeitarem a proposta. A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, enfatizou a necessidade de condenar o Hamas de forma inequívoca e reafirmar o direito de autodefesa, de acordo com a Carta da ONU.
Essa discordância demonstra as divisões e tensões apresentadas no Conselho de Segurança em relação ao conflito no Oriente Médio. Os Estados Unidos insistem em condenar explicitamente os “atos terroristas odiosos” do Hamas, que lançou uma ofensiva inédita sobre Israel em 7 de outubro. Em contrapartida, a Rússia lamentou a exclusão da sua proposta, alegando que o Conselho estava refém dos interesses do bloco ocidental.
Neste contexto delicado, o Brasil está trabalhando para costurar uma proposta que atende às preocupações dos membros permanentes do Conselho de Segurança. A diplomacia brasileira planeja incluir sua resolução a “condenação inequívoca” do Hamas por seus ataques a Israel, a libertação “imediata e incondicional” de todos os reféns civis, a revogação da ordem israelense para que civis e funcionários da ONU se desloquem para o sul de Gaza, e pausas humanitárias para permitir o acesso à ajuda durante o conflito. Além disso, o Brasil pretende colocar em votação uma resolução para a criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza, uma questão que não obteve consenso na reunião anterior do Conselho.
Para ser aprovado, uma resolução deve obter pelo menos nove votos dos quinze membros do Conselho, incluindo os cinco membros permanentes: Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos.