Funcionários da Companhia de Saneamento Básico do estado de São Paulo (Sabesp), do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) iniciaram uma greve nesta terça-feira (3) em protesto contra o plano de desestatização de serviços proposto pelo governador paulista , Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A paralisação, reforçada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pelos parlamentares de esquerda, tem como argumento a preocupação com tarifas mais altas e uma possível piora na qualidade dos serviços, além do temor de demissões em massa. No entanto, exemplos recentes de privatizações em São Paulo divergem da visão sindical.
Tarcísio de Freitas, em resposta à paralisação, alegou que a greve é “ilegal, política e abusiva”, afirmando que o movimento parece priorizar interesses corporativos em detrimento do bem-estar dos cidadãos.
O projeto de privatização da Sabesp deve ser elaborado para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) até o final deste ano, enquanto o modelo para a CPTM e o Metrô ainda está em estudo e será apresentado em 2025. O governador destacou a necessidade de estudar cuidadosamente qual modelo proporcionará o aumento do investimento, redução de custos e melhoria da situação financeira.
Vale ressaltar que a CPTM já possui duas linhas privatizadas, a 8 (Diamante) e a 9 (Esmeralda), arrematadas em 2021 pelo Consórcio Via Mobilidade. Essas concessões incluíram investimentos de R$ 980 milhões em novos trens, sistemas de pagamento e recarga de bilhetes, bem como a implementação da primeira estação de trem movida a energia solar no Brasil.
O Metrô de São Paulo também conta com linhas gerenciadas pela iniciativa privada, como a Via Quatro e Via Mobilidade, do Grupo CCR, responsáveis pelas linhas 4 e 5, respectivamente. A linha 4 é a primeira Parceria Público-Privada (PPP) metroviária do país e é considerada uma referência no setor, com a introdução de trens sem condutores e tecnologia de segurança avançada.
Especialistas, como Gesner Oliveira, coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV, acreditam que a privatização trará benefícios para a infraestrutura do estado, especialmente no que diz respeito à despoluição do Rio Tietê. Para ele, o apoio da iniciativa privada permitirá mobilizar mais capital de forma mais rápida para enfrentar os desafios.
Hugo Garbe, economista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, enfatiza que a privatização é uma tendência mundial, citando a melhoria dos serviços após a participação da iniciativa privada. Ele ressalta que as empresas privadas tendem a investir mais no curto prazo, resultando em benefícios para os usuários desses serviços públicos.
Apesar da greve, a Sabesp garante que o abastecimento de água não será interrompido em nenhum ponto do estado de São Paulo. No entanto, a paralisação afeta algumas linhas do Metrô e a maioria das linhas da CPTM, com determinações judiciais para manter um nível mínimo de operação durante o protesto.
Em resumo, a privatização dos serviços públicos em São Paulo é uma questão polarizadora, com sindicatos e governo discordando sobre os benefícios e impactos dessa decisão. O debate continua, e o futuro dos serviços públicos no estado dependerá das decisões que serão tomadas nos próximos anos.