As águas do Estreito de Gibraltar estão sendo palco de ataques surpreendentes protagonizados por orcas. Esses animais marinhos estão coordenando ações para colidir com navios, sofreram danos em flutuação e até mesmo no afundamento de barcos. Especialistas levantaram a hipótese de que orcas jovens estão copiando o comportamento perturbador de uma matriarca, o que tem gerado preocupação e curiosidade sobre as motivações por trás desses incidentes. Nesta matéria, exploramos os ataques recentes, as possíveis razões por trás desse comportamento e as questões em torno da vingança animal.
No início deste mês, um ataque “coordenado” de orcas surpreendeu a tripulação de um iate na costa europeia, próximo ao Estreito de Gibraltar. Durante o incidente, três orcas atingiram a embarcação, causando sérios danos. O capitão Werner Schaufelberger, que estava a bordo, descreveu uma situação como assustadora: “Havia duas orcas menores e uma maior. Enquanto as orcas menores atingiam o leme na popa, a maior ia e voltava, colidindo com toda a força contra a parte lateral do barco” (Ciência Viva).
Felizmente, a tripulação foi resgatada pela guarda costeira espanhola e o iate foi rebocado para a cidade de Barbate, no sul do país. No entanto, o incidente resultou no afundamento da embarcação na entrada do porto. Curiosamente, dois dias antes, um ataque semelhante ocorreu no mesmo local (The Telegraph).
Outro incidente recente ocorreu quando o casal inglês Jane e Stephen Bidwell navegava pelo Estreito de Gibraltar a bordo de um iate Bavaria 46. Eles foram alertados pelo capitão Greg Blackburn, que avistou um grupo de orcas se aproximando. O casal estava no convés inferior, buscando abrigo do mau tempo. “Uma matriarca claramente maior estava definitivamente por perto e estava quase supervisionando”, relatou Stephen à publicação britânica. Essa orca, chamada White Gladis pelo investigador, acredita-se estar buscando vingança após ter se ferido gravemente em redes de pesca ilegais.
Diante do ataque iminente das seis orcas, o capitão Blackburn tomou a decisão de baixar a vela principal do barco, tornando-o “desinteressante” para os animais. Essa estratégia aparentemente funcionou, pois as orcas se retiraram, mas não sem deixar o barco seriamente danificado.
Pesquisadores portugueses e espanhóis publicaram um estudo na revista científica Marine Mammal Science em junho de 2022, relatando 49 protegidos entre uma subpopulação de orcas ameaçadas da Península Ibérica e diversas embarcações, principalmente veleiros, ao longo do Estreito de Gibraltar e da Galícia. Segundo o estudo, as orcas são altamente sociais e aprendem com facilidade a interpretar comportamentos observados em outros membros de sua vagem. Os pesquisadores teorizam que as orcas jovens seguiram a copiar o comportamento destrutivo de Gladis, atacando os lemes dos barcos, e essa prática se seguida por toda a população.
No entanto, a pesquisadora de orcas da Universidade de Washington, Deborah Giles, não acredita na ideia de vingança por parte desses animais. Segundo ela, as orcas são criaturas curiosas e brincalhonas, e os ataques podem ser mais uma forma de brincadeira do que um comportamento agressivo. Vale ressaltar que a população de orcas ibéricas é considerada criticamente ameaçada de extinção, o que torna esses incidentes ainda mais preocupantes.
Os ataques coordenados de orcas a embarcações no Estreito de Gibraltar continuam a desafiar nossa compreensão e nos deixam perplexos com as motivações por trás dessas ações. Enquanto os especialistas buscam respostas, fica a certeza de que os confortáveis entre humanos e animais selvagens permaneceram cautela e respeito mútuo. Afinal, estamos navegando em um oceano compartilhado por diferentes formas de vida, cada uma com suas peculiaridades e necessidades.