Ícone da Música Popular Brasileira (MPB), o cantor e compositor João Donato faleceu aos 88 anos nesta segunda-feira no Rio de Janeiro.
O artista vinha enfrentando uma série de problemas de saúde, incluindo uma recente batalha contra uma infecção pulmonar.
Segundo relatos de seu filho, Donatinho, o renomado compositor havia sido internado há aproximadamente duas semanas.
Em uma postagem no Instagram, no dia 30 de junho, Donatinho mencionou que estava passando alguns dias com seu pai, que havia recebido alta do hospital, e planejava preparar um dos pratos favoritos dele, o “Spagabola” (também conhecido como Spaguetti à Bolonhesa).
A trajetória musical de João Donato teve início em 1934, quando nasceu em Rio Branco, no Acre.
Sua paixão pela música floresceu desde a infância. Em 1945, sua família se mudou para o Rio de Janeiro, onde Donato realizou suas primeiras apresentações em festas escolares.
O artista teve sua primeira gravação profissional como integrante da banda do flautista Altamiro Carrilho. Mais tarde, ele passou a trabalhar com o violinista Fafá Lemos, como suplente de Chiquinho do Acordeom.
Durante 17 meses, frequentou o Sinatra-Farney Fã Clube, na Tijuca, considerado uma das principais escolas para a geração que deu origem ao movimento conhecido como Bossa Nova.
Nesse período, Donato teve a oportunidade de se relacionar com grandes nomes do movimento, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto e Johnny Alf.
Embora tenha contribuído para moldar a MPB nas décadas de 1960 e 1970 com a elegância de seu piano e criado grandes clássicos, muitos com colaborações de peso na letra, como “A Rã” (Caetano Veloso), “Bananeira”, “A Paz (Leila IV)” e “Emoriô” (Gilberto Gil), João Donato nunca foi uma figura midiática e nunca fez parte do que é chamado de “esquema”.
Essa percepção ficou clara quando ele gravou “Quem é Quem” em 1973, no Brasil, após uma temporada nos Estados Unidos.
Com um som próprio, que mesclava elementos da bossa nova e do jazz com tempero latino, Donato conquistou a admiração de músicos, e o álbum foi listado entre os 100 melhores discos brasileiros pela revista “Rolling Stone”.
Ao tentar lançar o álbum, foi informado pelo dono da gravadora que seu trabalho não se encaixava no “esquemão” dos demais artistas.
A morte de João Donato representa uma perda significativa para a música brasileira.
Sua genialidade e contribuições marcaram uma era e continuarão a influenciar gerações futuras de músicos e amantes da MPB.
Seu legado permanecerá como um testemunho de sua dedicação e talento inigualáveis.
