Doar leite materno é um ato de amor que pode salvar a vida de recém-nascidos e prematuros. No Brasil, contamos com a maior rede de bancos de leite materno do mundo, alimentados por todos os estados, que têm como objetivo colher, processar e distribuir o leite doado, além de oferecer apoio às puérperas e incentivar o aleitamento materno.
A eficiência do modelo brasileiro é reconhecida internacionalmente e serviu de inspiração para a criação da Rede Global de Bancos de Leite Humano. Essa referência mundial é resultado da combinação entre estratégias de baixo custo e tecnologia, permitindo o acesso de mais bebês prematuros ou com baixo peso ao leite materno.
Para aumentar ainda mais a oferta desse leite vital para os bebês internados em unidades de terapia intensiva, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Doação de Leite Humano, com o tema: “Um pequeno gesto pode alimentar um grande sonho. Doe leite materno “. A data escolhida para o lançamento, 18 de maio, coincidiu com o Dia Nacional de Doação de Leite Humano, comemorado no dia 19 de maio. No ano passado, essa iniciativa conseguiu arrecadar 234 mil litros de leite de 197 mil doadoras.
A importância do leite materno vai além da nutrição básica. Estudos recentes revelaram a presença de micro e macronutrientes, prebióticos, oligossacarídeos e outras substâncias com potencial energético para o desenvolvimento dos recém-nascidos. O leite materno desempenha um papel essencial na formação da microbiota intestinal, fortalecendo o sistema imunológico dos bebês.
O médico e pesquisador Dr. Rubens Feferbaum, presidente do Departamento de Suporte Nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria, ressalta que a alimentação com leite materno é considerada padrão-ouro para recém-nascidos, especialmente os mais recém-nascidos, como prematuros ou com baixo peso . Além de contribuir para a diminuição do tempo de internação, o aleitamento materno reduz o risco de assistência hospitalar e evita a necessidade de compra de fórmulas infantis.
Pesquisas sobre o leite materno estão em constante expansão e têm recebido investimentos em expansão. O destaque vai para o Human Milk Institute, inaugurado pela University of California, San Diego, em outubro de 2022. Esse centro de pesquisa pioneiro tem como objetivo acelerar os estudos sobre a natureza, a biologia e o potencial terapêutico do leite materno na prevenção e tratamento de doenças tanto em crianças como em adultos.
Além disso, práticas como a colostroterapia têm sido adotadas em unidades de terapia intensiva neonatal. Essa técnica consiste primeiro na administração do colostro, o leite materno produzido após o parto, para fortalecer o sistema imunológico dos recém-nascidos, protegendo-os contra diarreias, evitando e aumentando sua tolerância a alimentos. A colostroterapia contribui para a colonização satisfatória do intestino das crianças, promovendo o crescimento de bactérias benéficas.
Apesar de todos os avanços e descobertas relacionadas ao leite materno, garantir a autossuficiência dos bancos de leite materno em todo o país ainda é um desafio. Por isso, é fundamental que mais mulheres se engajem na doação de leite, seguindo o processo simples de cadastramento, orientações sobre a ingestão e o cuidado e a coleta regular do leite a ser doado.
Seguindo o exemplo da doação de sangue, doar leite materno é uma forma poderosa de salvar vidas e contribuir para a saúde e o bem-estar dos recém-nascidos. Portanto, convido a todos a se juntarem à campanha do Ministério da Saúde e fazerem parte dessa corrente de solidariedade. Um pequeno gesto pode alimentar um grande sonho.
Lembre-se: sua doação de leite materno pode fazer toda a diferença na vida de um bebê. Faça parte dessa causa e ajude a construir um futuro mais saudável e promissor para as crianças do nosso país.