fbpx

Mulheres com hipertensão gestacional enfrentam maior risco de insuficiência cardíaca após o parto, aponta pesquisa

Quando pensamos em complicações relacionadas à gravidez, geralmente nos concentramos nas preocupações imediatas e no bem-estar da mãe e do bebê durante esse período especial. No entanto, um novo estudo observacional descobriu que as mulheres que tiveram hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia podem enfrentar riscos cardiovasculares nas décadas seguintes ao parto. Especificamente, essas condições estão associadas a um maior risco de desenvolver insuficiência cardíaca (IC) isquêmica e não isquêmica.

Os resultados deste estudo são realmente surpreendentes, pois sugerem que os distúrbios hipertensivos induzidos pela gestação têm imunidade de longo prazo para a saúde cardiovascular das mulheres. O risco de IC isquêmica foi mais de seis vezes maior durante os primeiros seis anos após a gestação, estabilizando-se posteriormente em níveis mais baixos, mas ainda significativamente elevados. Essas descobertas são transmitidas em dados de um registro sueco de partes e representam uma das primeiras preocupações sobre o impacto dessas condições na ocorrência subsequente de IC, analisando separadamente os casos isquêmicos e não isquêmicos.

A Dra. Ängla Mantel, Ph.D., autora principal do estudo, enfatiza que os distúrbios hipertensivos da gestação têm consequências de longo prazo que vão além do período gestacional. Ela destaca a importância de considerar as mulheres que apresentam hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia ou outras complicações na gestação como uma população de alto risco mesmo após o parto. Essas mulheres devem ser monitoradas regularmente ao longo da vida para fatores de risco cardiovascular.

No entanto, é importante ressaltar que a história obstétrica não é atualmente considerada nos sistemas formais de avaliação de risco para IC. A Dra. Ängla aponta que muitos médicos e pacientes têm um conhecimento limitado sobre os fatores de risco específicos para doenças cardiovasculares em mulheres. Portanto, os achados deste estudo são especialmente relevantes para aumentar a conscientização sobre os fatores de risco obstétrico para IC, principalmente em pacientes com diagnóstico cardíaco com receita de ejeção preservada (ICFEP), que não estão intimamente relacionados aos fatores de risco cardiovascular tradicionais.

A Dra. Natalie A. Bello, diretora de pesquisa em hipertensão no Cedars-Sinai Medical Center, nos Estados Unidos, observa que complicações da gravidez, como hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, não são consideradas nas calculadoras de risco atuais. No entanto, ela enfatiza que essas complicações aumentam o risco de IC, de acordo com as diretrizes de prevenção primária de 2019. Ela destaca a importância de educar médicos e profissionais de saúde cardiovascular sobre a importância de obter informações sobre a história gestacional para avaliar o risco de IC em mulheres na prevenção primária.

Embora este estudo represente um avanço significativo das associações entre os choques hipertensivos induzidos pela gestação e diferentes formas de IC, ainda existem algumas isoladas a serem consideradas. Por exemplo, pacientes com miocardiopatia periparto foram excluídos da análise, o que pode subestimar o impacto desses distúrbios hipertensivos no risco de curto prazo de IC não isquêmica. Além disso, a inclusão tanto de pacientes com hipertensão gestacional quanto de pré-eclâmpsia pode complicar a interpretação dos resultados, pois essas condições têm características e efeitos diferentes no coração e nos vasos sanguíneos.

Em resumo, este estudo destaca a importância de considerar os distúrbios hipertensivos da gestação como fatores de risco para o desenvolvimento de IC isquêmica e não isquêmica em mulheres. Os resultados sugerem que essas complicações têm um longo prazo para a saúde cardiovascular, o que reforça a necessidade de monitoramento regular e cuidados contínuos após a gestação. Essas descobertas também devem incentivar médicos e profissionais de saúde cardiovascular a considerar a história gestacional como um fator importante na avaliação do risco de CI em mulheres.

À medida que avançamos na compreensão dessas associações, é fundamental continuar investindo em pesquisas e educação para melhorar a conscientização sobre os riscos cardiovasculares em mulheres, particularmente relacionados à gravidez. Somente assim poderemos implementar medidas eficazes de prevenção e tratamento para garantir a saúde a longo prazo das mulheres após a gravidez.

fonte: medscape

LEIA TAMBÉM