Mais de 8.000 pacientes em 16 estados brasileiros aguardam, no Sistema Único de Saúde (SUS), a realização de cirurgias de artroplastia de quadril, um procedimento essencial no tratamento da artrose.
Essa mesma cirurgia também está indicada para o atual presidente Lula (PT) nos próximos meses.
Segundo especialistas em ortopedia, o tempo médio de espera pelo procedimento na rede pública é de cinco anos, mas pacientes relatam que esse prazo pode ser ainda maior.
O relatório do Ministério da Saúde, com informações repassadas pelos estados, aponta que 16 estados do país possuem uma fila total de 8.348 pacientes à espera de diferentes tipos de artroplastia de quadril.
Os estados com maior número de pacientes na fila são Rio Grande do Sul, Goiás e Espírito Santo.
Embora alguns estados tenham informado suas filas, a quantidade real de pessoas aguardando a cirurgia é subestimada.
Por exemplo, São Paulo apresenta uma fila oficial de 428 cirurgias prioritárias, mas apenas no Hospital das Clínicas, na capital paulista, cerca de 2.000 pessoas aguardam o procedimento.
No município de São Paulo, há 2.900 pacientes com artrose de quadril aguardando consulta com especialistas para avaliar a necessidade da cirurgia.
O problema da espera pela artroplastia de quadril no SUS já era grande e se agravou após a pandemia, devido ao represamento de procedimentos não realizados no período.
Especialistas alertam que o envelhecimento populacional contribuirá para o aumento da necessidade dessas cirurgias, tornando o problema um desafio sério de saúde pública, exigindo um plano de enfrentamento.
Segundo João Antônio Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, os serviços de saúde estão sobrecarregados, e a demanda crescente e o financiamento insuficiente tornam a situação desafiadora.
Ele aponta que a fila de artroplastia de quadril no SUS é constante, com um fluxo de entrada de novos pacientes a cada ano, tornando difícil reduzir a espera.
Os pacientes na fila enfrentam graves consequências, como a dor incapacitante que afeta a qualidade de vida, tornando atividades diárias simples em tarefas impossíveis.
Com o envelhecimento da população e o aumento de doenças sistêmicas, como diabetes e obesidade, a necessidade dessas cirurgias continuará crescendo.
Um exemplo é Mercedes Menezes de Souza, de 76 anos, que aguarda há mais de um ano na fila e enfrenta a deterioração de sua saúde enquanto espera.
Sua família iniciou um financiamento coletivo para tentar a cirurgia na rede privada, mas ainda não conseguiu arrecadar o valor necessário.
Muitos pacientes dependem exclusivamente do SUS para receberem a cirurgia, enfrentando um cenário de sofrimento e incerteza.
Diante da situação crítica, o Ministério da Saúde se comprometeu a trabalhar para garantir um acesso mais rápido a cirurgias, exames e consultas no SUS.
A meta é realizar 500 mil cirurgias dentro de um número estimado de 1 milhão.
Em meio a essa grave realidade, pacientes e suas famílias lutam por soluções para a diminuição das filas e acesso ao tratamento que lhes proporcionará alívio e qualidade de vida.