Programa Mais Visão sob investigação após contaminação por fungo causar complicações graves em pacientes
Um mutirão de cirurgias de catarata realizado no estado do Amapá se transformou em uma tragédia de saúde pública, deixando sete pessoas cegas e colocando em risco a visão de outras 97.
O pesadelo oftalmológico ocorreu no âmbito do programa “Mais Visão”, que visa tratar pacientes com problemas de visão, mas que, dessa vez, resultou em complicações severas devido à contaminação por um fungo.
No dia 4 de setembro, 141 pacientes foram submetidos às cirurgias de catarata em Macapá, como parte do programa patrocinado por emenda parlamentar.
Infelizmente, 104 desses pacientes enfrentaram complicações após o procedimento, alegadamente causadas por uma infecção fúngica.
As investigações estão em andamento, conduzidas pelo Ministério Público Federal e Estadual, na tentativa de esclarecer as circunstâncias desse trágico incidente de saúde.
O programa “Mais Visão” é executado em parceria com uma empresa contratada, operando sob um convênio entre o estado e o Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate (Capuchinhos).
A Secretaria de Saúde estadual (Sesa) confirmou que, entre os 141 pacientes atendidos, 104 foram afetados pelo fungo Fusarium, desencadeando um raro quadro de endoftalmite, uma infecção ocular profunda que pode levar a graves consequências.
Chocantemente, sete dos pacientes infectados tiveram que passar por evisceração, um procedimento extremo que envolve a remoção do globo ocular.
O governo do estado prontamente iniciou uma investigação através da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) assim que a situação foi notificada.
Em uma nota oficial, a SVS explicou que o fungo Fusarium foi identificado como a causa da endoftalmite.
O programa “Mais Visão” foi lançado no Amapá em 2020 e realizou mais de 100 mil atendimentos, sendo a maioria deles cirurgias de catarata, beneficiando inúmeras pessoas.
O governo do estado esclareceu que os recursos federais são repassados para a entidade Capuchinhos, que por sua vez contrata uma empresa terceirizada para realizar os procedimentos médicos.
O último repasse foi feito em setembro, antes da suspensão do programa. Apesar do histórico positivo do “Mais Visão”, a organização suspendeu imediatamente os atendimentos após os primeiros relatos de infecção em outubro.
As famílias afetadas estão recebendo suporte, incluindo assistência médica 24 horas, medicação, transporte e atendimento psicológico, fornecidos pela empresa responsável pelos procedimentos, sob a supervisão do governo do estado.
Na semana passada, o Ministério Público do Amapá conduziu uma reunião com autoridades envolvidas no incidente do programa “Mais Visão”, incluindo o governador do Amapá, Clécio Luis; a secretária de Saúde, Silvana Vedovelli; o procurador-geral do Estado, Tiago Albuquerque; e a superintendente de Vigilância em Saúde, Ana Cláudia Monteiro.
A investigação continua em busca de respostas e responsabilidades no que se tornou um triste capítulo na saúde pública do Amapá.