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Argentina se prepara para eleições presidenciais com possíveis impactos para o Brasil

No próximo dia 22 de outubro, nossos vizinhos argentinos tomarão um passo importante na direção do futuro político da nação, quando se dirigirem às urnas para escolher o próximo presidente do país. Essas eleições chamaram a atenção não apenas dentro das fronteiras argentinas, mas também nas salas de poder do Brasil, onde os líderes estão observando de perto o desenrolar desse processo eleitoral, que poderá ter implicações significativas para as relações bilaterais.

As pesquisas realizadas após as primárias apontam para um cenário de segunda virada entre dois candidatos de espectros políticos opostos e com visões antagônicas. De um lado, temos Javier Milei, representando o partido A Liberdade Avança, que se denomina “anarcocapitalista” e é visto como um candidato extremista. Do outro, Sergio Massa, atual ministro da Economia e representante do peronismo, o qual tem uma presença política sólida na Argentina.

Embora as eleições tenham ocorrido em solo argentino, o Brasil está atento aos resultados, pois o governo brasileiro busca fortalecer a aliança que tinha sido enfraquecida durante o mandato anterior na Argentina. Milei, frequentemente chamada de “Bolsonaro argentino” devido às suas ocultas com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, já manifestou sua intenção de cortar laços com países governados pela esquerda, como o Brasil, caso seja eleito.

Por sua vez, Sergio Massa, ministro da Economia e candidato, busca fortalecer sua campanha anunciando medidas para propostas sobre o consumo, limitando os impactos da desvalorização do peso argentino e combatendo a inflação, que atualmente supera os 100% ao ano. O governo brasileiro, por sua vez, tem buscado construir pontes e acordos com a Argentina, como evidenciado no recente encontro entre o presidente brasileiro e Fernando Haddad, ministro da Fazenda da Argentina, que resultou em um acordo de US$ 600 milhões em investimentos para exportações.

A influência brasileira nessas eleições argentinas tem sido uma questão debatida por especialistas. Márcio Coimbra, presidente do Instituto da Democracia, observa uma tentativa recorrente do governo brasileiro de eleger um governo mais alinhado aos seus interesses, independentemente do espectro político em questão. No entanto, ele ressalta que a autodeterminação dos povos deve ser respeitada, e interferir nos assuntos internos de outro país, especialmente nas eleições, não é protegido.

Eduardo Fayet, consultor e especialista em relações institucionais e governamentais, destaca que as eleições argentinas terão um impacto significativo nas relações diplomáticas e econômicas entre os dois países. A Argentina é o terceiro maior comprador de produtos brasileiros, e qualquer violação na aliança causaria perdas para ambas as nações. No entanto, Fayet acredita que a Argentina seria mais prejudicada devido à sua economia mais frágil.

Além disso, uma recente adesão da Argentina ao grupo dos BRICS, ao lado da Rússia, Índia, China e África do Sul, deverá ser considerada. O resultado das eleições pode afetar essa adesão, já que alguns candidatos argentinos se manifestaram contra a entrada no grupo. Isso terá implicações não apenas para a Argentina, mas também para o futuro desse bloco econômico.

Em resumo, as eleições argentinas estão sendo vistas de perto pelo Brasil, pois os resultados poderão ter impactos significativos nas relações bilaterais, nas políticas econômicas e na inserção internacional da Argentina. É importante que o Brasil respeite o princípio da autodeterminação dos povos e não interfira nos assuntos internos de outro país, mas ao mesmo tempo, é fundamental monitorar de perto os desdobramentos dessa eleição crucial para nossa nação vizinha.

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