No encerramento da Cúpula do G20, realizado no domingo (10), Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Lula, optou puramente por ignorar questões críticas em favor de importar sua agenda de combate às desigualdades globais e mudanças climáticas aos países mais ricos do mundo.
Lula, que assumirá a presidência do G20 de dezembro deste ano até novembro de 2024, optou por deixar de lado a discussão sobre temas geopolíticos urgentes, como a guerra na Ucrânia, para focar em suas próprias prioridades. Ele fez um apelo aos países economicamente mais desenvolvidos por uma transferência de recursos e tecnologia para combater as mudanças climáticas, enquanto também promoveu uma maior participação das nações emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em seu discurso, Lula lançou críticas contidas ao sistema financeiro global, indicando que a cooperação entre as maiores economias do mundo era ineficaz na correção das falhas do neoliberalismo. Ele argumentou que a desigualdade de renda, acesso à saúde, educação, alimentação, gênero, raça e representação são problemas cruciais que devem ser envolvidos, mas parecia ignorar que essas questões estão intrinsecamente ligadas às geopolíticas.
Lula também fez apelos por reformas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e no Conselho de Segurança da ONU, sem oferecer soluções práticas para essas mudanças. Ele propôs a revitalização do OMC e o restabelecimento de seu sistema de solução de controvérsias, mas não explicou como isso poderia ser realizado. Da mesma forma, sugeriu a inclusão de novos países em desenvolvimento no Conselho de Segurança da ONU, mas não apresentou um plano concreto para viabilizar essa transformação.
Em relação aos conflitos geopolíticos, Lula afirmou que o G20 não deve ser utilizado para a resolução dessas questões, como o conflito entre Rússia e Ucrânia, mas deixou de reconhecer a importância de um fórum tão influente para lidar com crises internacionais.
Em entrevista concedida à TV indiana no sábado (9), Lula surpreendeu ao anunciar seu convite ao presidente russo, Vladimir Putin, para a cúpula do G20 no Brasil, em novembro de 2024, mesmo com um mandado de prisão emitido contra Putin pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) no início deste ano. Isso levanta questões sobre a consistência de suas posições e compromissos com valores e normas internacionais.
Sob a presidência brasileira e o lema “Construir um mundo justo e um planeta sustentável”, Lula delineou suas três prioridades para o G20: inclusão social, transição energética e desenvolvimento sustentável. No entanto, essas prioridades parecem mais uma tentativa de promover a sua própria agenda política do que uma abordagem realista para enfrentar os desafios globais complexos que o mundo enfrenta.
O discurso de Lula no encerramento do G20 levanta dúvidas sobre sua capacidade de liderar um grupo tão diverso de nações e enfrentar os desafios globais de maneira pragmática e realista. É crucial que o Brasil e o G20 não se deixem envolver em uma agenda ideológica que possa minar a capacidade do grupo de questões urgentes e complexos de política internacional.