Renomados especialistas em relações internacionais expressam preocupação de que as recentes declarações do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comparando as ações de Israel às do grupo terrorista Hamas, possam criar obstáculos adicionais para a evacuação de brasileiros e suas famílias de Gaza.
Criticadas como “equivocadas” e “extremamente inoportunas”, as declarações de Lula são vistas como prejudiciais à diplomacia brasileira, legitimando o Hamas e diminuindo a posição do país na mediação do conflito no Oriente Médio.
Durante um evento no Palácio do Planalto na segunda-feira (13/11/2023), o presidente afirmou que “as consequências da solução de Israel são tão graves quanto as do Hamas”.
Ele reiterou essas declarações ao receber brasileiros repatriados de Gaza mais tarde naquele dia e continuou fazendo comparações semelhantes em um programa online subsequente.
Líderes judaicos e representantes da comunidade israelense reagiram fortemente às declarações de Lula.
O diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida criticou a abordagem de Lula, descrevendo-a como “diplomacia ultrapessoal” que provavelmente se agravará em seu terceiro mandato.
Ele enfatizou que Lula não possui o conhecimento e a estatura de estadista necessários para uma diplomacia nacional eficaz, caracterizando suas ações como prejudiciais aos esforços diplomáticos profissionais.
Segundo a professora de direito internacional da Universidade de São Paulo (USP) Maristela Basso, as declarações de Lula são “extremamente infelizes e inoportunas”.
Basso argumenta que as comparações são imprecisas e destaca a importância de palavras medidas nas relações internacionais.
Ela acredita que as declarações de Lula já causaram tensões diplomáticas, tornando desafiador corrigir o curso das relações do Brasil com Israel e seus aliados.
Denilde Holzhacker, cientista política, antecipa que as declarações de Lula podem dificultar futuras evacuações e tensionar as relações com Israel, aumentando a tensão e provocando forte desaprovação da comunidade judaica brasileira.
Holzhacker argumenta que a aliança do governo com o Hamas nas declarações de Lula mina a credibilidade internacional.
Embora reconhecendo a força das palavras de Lula no âmbito diplomático, o cientista político Rubens Duarte considera a evacuação de brasileiros de Gaza intrinsecamente complexa, independentemente da posição de Lula.
Ele observa que tais missões envolvem o diálogo com países e grupos em meio a hostilidades sérias, um desafio enfrentado por outras nações, incluindo aliados tradicionais de Israel, como Estados Unidos, Reino Unido e França.
A recente repatriação de brasileiros de Gaza, aguardada por mais de três semanas, envolveu um grupo de 32 indivíduos, incluindo mulheres, homens e crianças, que receberam serviços de saúde, vacinas, assistência social, apoio psicológico e emissão de documentos ao chegar ao Brasil.
Os evacuados estão sendo realocados para várias cidades do país.
Desde o início do conflito entre o Hamas e Israel, o governo brasileiro repatriou 1.445 brasileiros e suas famílias, juntamente com 53 animais de estimação, por meio da Operação Voltando em Paz, conduzida pela Força Aérea Brasileira.
