Estados Unidos querem investir em cadeia de semicondutores no Brasil para diminuir a dependência da Ásia e manter a liderança na guerra tecnológica contra a China. Com o intuito de reduzir a dependência de países asiáticos e manter a liderança na guerra tecnológica contra a China, os Estados Unidos aprovaram um incentivo de US$ 52 bilhões para promover investimentos na cadeia de semicondutores no Brasil.
Os semicondutores são componentes essenciais para a tecnologia moderna, como celulares, carros autônomos, computação avançada, drones e equipamentos militares. Durante a pandemia de covid-19, houve escassez mundial de semicondutores e diversos países buscam reduzir a dependência de importações e passar a ter fornecedores mais próximos geograficamente.
Mais de 60% das empresas dos EUA têm a etapa de fabricação de chips baseada em outros países, principalmente asiáticos. Além disso, a etapa de finalização também é realizada em grande parte no exterior.
Com o investimento norte-americano, o Brasil poderia ter uma importante participação na cadeia global de suprimentos de semicondutores, uma vez que o país já possui 11 empresas na etapa de produção final, conhecida como backend. No entanto, a indústria brasileira não atua na etapa de fabricação do componente, conhecida como frontend.
O incentivo norte-americano vem com várias restrições para exportação ou negócios com a China. As empresas que receberem fundos americanos estão impedidas por dez anos de participar de nenhum negócio envolvendo a fabricação ou aumento de capacidade de produção de certos semicondutores na China.
O governo brasileiro tem estudado a possibilidade de reabrir o Centro de Excelência em Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal de semicondutores que entrou em processo de liquidação na gestão anterior. Além disso, o país tem buscado incentivar o desenvolvimento da indústria de chips localmente, com medidas como a criação de um grupo de trabalho para discutir políticas públicas e a redução da burocracia, bem como a realização de parcerias com empresas estrangeiras para a construção de fábricas e atração de investimentos para suprir a falta de infraestrutura local.
Com investimento e transferência de tecnologia, o Brasil poderia começar a fabricar chips de 14 nanômetros para abastecer a indústria automobilística doméstica em um prazo entre 10 e 15 anos. A iniciativa americana poderia, portanto, representar uma grande oportunidade para o país aumentar sua participação na cadeia global de semicondutores e desenvolver uma indústria local mais robusta e competitiva.