Golpistas usam IA para enganar vítimas em casos de extorsão, alertam especialistas em segurança cibernética. Os criminosos utilizam softwares avançados que imitam vozes humanas para enganar pessoas e obter dinheiro. Em um dos casos mais assustadores, os golpistas usaram um programa para imitar a voz do neto de uma senhora de 73 anos e quase conseguiram extorquir dinheiro dela.
A canadense Ruth Card recebeu uma ligação de alguém que dizia ser seu neto Brandon, que contou estar preso e precisava de dinheiro para fiança. Ela e o marido correram para o banco e conseguiram sacar 3.000 dólares canadenses. Eles só não retiraram mais dinheiro porque o gerente de uma segunda agência falou com um cliente que disse ter recebido uma ligação semelhante, mas percebeu que a voz era falsificada a tempo.
Os golpes que usam identidade de conhecidos são comuns nos Estados Unidos e Canadá. Mas, recentemente, eles começaram a ficar mais sofisticados graças ao uso de inteligência artificial generativa. Programas relativamente baratos permitem imitar vozes com pequenas amostras de áudio que podem ser obtidas de vídeos publicados online.
A IA identifica características únicas da voz, como sotaque e entonação, e o que não consegue estabelecer com precisão, é preenchido com vozes semelhantes pesquisadas em imensos bancos de dados que alimentam tais programas.
Em uma ligação, basta ao golpista digitar que o programa “fala” com a vítima. Uma dessas ferramentas mais famosas, criada pela startup EvenLabs, foi criticada por não criar formas de coibir o mau uso da ferramenta. No fim de fevereiro, um jornalista da Vice testou uma versão de 5 dólares da ferramenta e conseguiu acessar a própria conta bancária.
Advogados e bitcoins também são usados pelos golpistas. Benjamin Perkin relatou o caso dos seus pais idosos que foram roubados em 21 mil dólares canadenses. Os pais dele receberam a ligação de alguém que disse ser advogado e informou que Benjamin tinha se envolvido em um acidente de carro e precisava de dinheiro para pagar advogados e evitar ficar preso. O advogado disse que Benjamin falaria ao telefone e a voz soou igual à dele. Isso convenceu os pais a transferirem o dinheiro, por meio de bitcoins, o que torna quase impossível rastrear o destino dos fundos e investigar o caso.
Para os especialistas em segurança cibernética, a saída é criminalizar as fabricantes de softwares do tipo. Mas isso só ocorrerá quando casos como esses forem julgados e, para isso, são necessários processos. Ainda é importante destacar que, diante de qualquer suspeita de fraude, é fundamental verificar a identidade da pessoa e, em caso de dúvida, pedir ajuda a um especialista em segurança cibernética.