Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgou o resultado da investigação sobre o acidente aéreo que resultou na morte da cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas. No entanto, mesmo com a divulgação do relatório, alguns pontos importantes ainda precisam ser esclarecidos.
O advogado da família de Marília Mendonça, Robson Cunha, afirmou durante uma coletiva de imprensa que, segundo o documento, as decisões do piloto não foram consideradas irregulares, embora tenha havido uma avaliação inadequada durante a aproximação para o pouso, o que foi identificado como um dos fatores contribuintes para o acidente.
No dia 5 de novembro de 2021, a aeronave com matrícula PT-ONJ caiu no município de Piedade de Caratinga após colidir com um cabo de energia da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig). Todos os cinco ocupantes do bimotor, incluindo Marília Mendonça, o produtor Henrique Bahia, o assessor Abicieli Silveira e os pilotos Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana, perderam a vida.
A questão da responsabilidade dos pilotos ainda precisa ser esclarecida. O advogado da família da cantora afirmou que, embora o plano de voo tenha sido alterado, todas as medidas tomadas pelo piloto foram consideradas dentro da normalidade. No entanto, o relatório do Cenipa destaca o “julgamento de pilotagem” como um fator que pode ter contribuído para o acidente. Outros fatores relacionados ao pouso, como “Memória” e “Planejamento de voo”, foram considerados indeterminados.
Um trecho do relatório levanta a questão sobre a opção pela manobra no momento do pouso. Segundo o documento, a Comissão de Investigação buscou inferir as razões desse procedimento, mas não encontrou limitações operacionais da aeronave ou do tráfego aéreo que justificassem o alongamento da perna do vento. Uma hipótese levantada é que o piloto pode ter optado por essa manobra para buscar uma aproximação final mais longa e confortável para os passageiros. Outra possibilidade é que a decisão tenha sido influenciada pelas experiências anteriores do piloto na Aviação Regular.
A falta de sinalização nos cabos de energia também foi destacada pelo advogado da família de Marília Mendonça como um fator preponderante para o acidente. O relatório menciona que a linha de transmissão de 69 kV não estava enquadrada nos requisitos para ser considerada um obstáculo ou objeto passível de sinalização, mas destaca que o cabo para-raios dessa linha tinha baixo contraste em relação à vegetação ao fundo.
O que veremos na esfera criminal é se esses cabos da Cemig deveriam ou não estarem identificados – disse Robson Cunha. A partir do acidente, foi elaborado o O PL 4.009/2021, chamado Projeto de Lei Marília Mendonça, de autoria do Senador Telmário Mota (PROS/RR), que estabelece que as concessionárias de energia devem sinalizar as linhas com o uso de esferas coloridas e que as torres também devem ser pintadas, de modo a alertar a pilotos o risco de colisão. O PL foi aprovado no Senado e aguarda votação na Câmara dos Deputados.
O inquérito da Policia Civil de Caratinga ainda não foi concluído e houve um pedido de aumentar o prazo para conclusão.