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Os Riscos da Crise no Comércio Brasileiro para a Indústria Nacional

A crise atual no comércio brasileiro, agravada pela queda do poder de compra da população, apresenta um potencial preocupante de prejudicar a indústria, setor responsável por 20% da produção nacional.

Esse cenário adverso tem sua origem no crescente número de pedidos de recuperação judicial no setor do comércio.

Até abril deste ano, foram registradas 99 solicitações, representando aproximadamente um quarto (26%) de todos os pedidos efetivados no período.

Dos pedidos de recuperação judicial no varejo, 71 foram aprovados pela Justiça, segundo dados da Serasa Experian.

No primeiro quadrimestre de 2023, apenas o setor de serviços apresentou um maior número de pedidos (164) e deferimentos (143).

Denis Medina, economista e professor da FAC-SP (Faculdade do Comércio de São Paulo), explica que a recuperação judicial é uma medida concedida pela Justiça para permitir que empresas em situação delicada reestruturem seus prazos de pagamento, mas esse processo pode afetar toda a cadeia econômica do país.

Ao abordar o cenário específico dos varejistas, Medina destaca que as indústrias e os importadores são os principais fornecedores.

As negociações envolvem frequentemente descontos nas dívidas e prazos mais longos para a quitação. Esse tipo de acordo impacta diretamente os lucros da indústria, que prefere receber um valor menor a arcar com prejuízos, mesmo que isso signifique um prazo estendido para o pagamento.

Inicialmente, a crise afeta o setor do comércio, mas seus efeitos acabam se estendendo para as indústrias e, consequentemente, para todo o mercado.

Com a redução dos volumes de vendas no varejo e as margens de lucro comprometidas, as empresas acabam demitindo funcionários, gerando um impacto negativo que se espalha por diversos setores.

Rogério Capucho, copresidente da SPS Group, parceira da SAP do Brasil, ressalta a importância essencial tanto do setor do varejo quanto da indústria para garantir o desempenho econômico.

Ele destaca a necessidade de estar atento para que a crise no varejo não contamine também a indústria, uma vez que esses setores estão intrinsecamente interligados.

Dados recentes divulgados pelo IBGE mostram que a situação da indústria já é preocupante, com o segmento operando em um nível 2% inferior ao registrado em fevereiro de 2020, antes dos impactos da pandemia de coronavírus na economia nacional.

Em abril, houve uma queda de 0,6% na indústria, interrompendo o crescimento observado em março, quando o setor registrou um aumento após três meses consecutivos de perdas.

A taxa básica de juros, que se encontra no maior patamar desde 2017, também é citada pela indústria como um obstáculo.

Para promover o crescimento e o desenvolvimento, é necessário equilibrar os juros de forma que a inflação não se eleve, cumprindo assim a meta estabelecida pela Selic, sem prejudicar a atividade econômica, como afirmou Robson Braga de Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

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