Nesta terça-feira, 4, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), assume a presidência rotativa do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em cerimônia realizada durante a 62ª cúpula dos chefes de Estado , em Puerto Iguazú, na Argentina. O Mercosul é composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e as regras estabelecem que a presidência do bloco seja rotativa, com obrigatoriedade de seis meses para cada país titular.
A liderança do Mercosul será flexível do presidente argentino Alberto Fernandéz para Luiz Inácio Lula da Silva, e o principal desafio do líder brasileiro será a conclusão do tão esperado acordo comercial entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE). O sucesso para esse acordo teve início em 1999 e, desde então, passou por diversas etapas e revisões.
No entanto, o tratado ainda precisa ser ratificado e internalizado pelos parlamentos e governos nacionais dos 31 países envolvidos, o que tem se mostrado um processo complexo e demorado. Recentemente, os europeus aprovaram um documento adicional ao Mercosul, que previu em questões ambientais, o que gerou polêmica. O presidente brasileiro classificou o documento como uma “ameaça” e o país está elaborando uma contraproposta aos termos exigidos pela UE.
Segundo o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Maurício Carvalho Lyrio, o governo está trabalhando intensamente para traduzir as instruções do presidente Lula em um documento que será apresentado aos parceiros do Mercosul e, posteriormente, à União Europeia. Esse processo requer uma coordenação interna minuciosa, devido à delicadeza dos acordos em questão.
Além da busca pela conclusão do acordo com a UE, os presidentes que fazem parte do Mercosul também discutirão a possibilidade de um tratado com a Associação Europeia de Comércio Livre (AECL), grupo de países do continente que não pertencem ao principal bloco europeu. A AECL é composta pela Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein. Outro ponto de destaque na agenda será o acordo com Singapura.
Durante a presidência temporária do Mercosul até o final deste ano, o Brasil terá a responsabilidade de organizar o fórum social, o fórum empresarial e a próxima cúpula do bloco em território brasileiro, em local ainda a ser definido. A embaixadora brasileira enfatizou a importância dessa cúpula, pois marca o retorno da prioridade dada pelo governo à integração regional, começando com a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos, seguida pela realização da cúpula sul-americana e, agora, com o foco no foco Mercosul, essencial para o desenvolvimento dos países envolvidos.