O recente pedido de apoio do presidente russo, Vladimir Putin, ao líder turco, Recep Tayyip Erdogan, para a exportação de grãos russos em meio a crescentes ocidentais. O Kremlin busca alternativas para driblar as restrições e, ao mesmo tempo, recusa a retomada de um acordo previamente mediado pela Turquia, que permite as exportações agrícolas ucranianas.
De acordo com um comunicado oficial, Putin expressou o desejo de cooperar com a Turquia no sentido de viabilizar a entrega de remessas russas, citando a necessidade de suprir países com carências alimentares. Esta proposta surge pouco tempo após o anúncio feito por Putin em julho, no qual se comprometeu a enviar cereais gratuitamente para várias nações africanas, apesar das garantias de que paralisam o transporte marítimo para a Rússia.
Entretanto, uma crise toma contornos ainda mais graves com a notícia de ataques por drones russos contra as infraestruturas portuárias ucranianas. Recentemente, os ataques causaram danos substanciais a quase 40 mil toneladas de grãos destinados à exportação, conforme relatado pelo ministro de Infraestruturas da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov. Esses portos são fundamentais para a segurança alimentar global, abastecendo países africanos, China e Israel. O uso de drones iranianos do tipo Shahed agrava a situação e levanta preocupações sobre a escalada da violência.
É importante ressaltar que desde meados de julho, a Rússia suspendeu um acordo bilateral de 2022 com a Ucrânia, que possibilitava a exportação segura de grãos através de portos ucranianos. A região do Mar Negro tornou-se palco de ações militares russas que visam prejudicar a infraestrutura vital para as exportações, afetando significativamente o fluxo de cereais e oleaginosas.
A magnitude do impacto desses eventos não deve ser subestimada. Com cerca de 33 milhões de toneladas de grãos em jogo, o acordo entre Rússia e Ucrânia forneceu uma importante garantia contra a economia mundial de alimentos. Diante do bloqueio marítimo, os portos fluviais de Izmail e Reni no Rio Danúbio se tornaram fatais para a continuidade das exportações.
As ações da Rússia neste contexto têm sido duramente condenadas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou os ataques como atos de “terrorismo” e uma ameaça global. O presidente romeno, Klaus Iohannis, classificou-os como “crimes de guerra” e destacou a inaceitabilidade dos ataques contínuos contra a infraestrutura civil ucraniana às margens do Danúbio, perto da fronteira romena.
A situação atual exige uma resposta internacional coordenada para conter a escalada e buscar uma solução diplomática. Enquanto aumentam e os interesses geopolíticos se entrelaçam, é vital que os líderes mundiais se unam para garantir a segurança alimentar e a estabilidade na região do Mar Negro. A cooperação entre Rússia, Turquia e demais atores internacionais desempenha um papel crucial na busca por um caminho que evite o agravamento do cenário e proteja os interesses globais.