A Rússia, por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, anunciou neste sábado (09), sua adesão contínua às condições condicionais para seu retorno ao acordo de grãos do Mar Negro, do qual se aposentou em julho passado. Esta medida, que busca permitir à Ucrânia exportar cereais em meio à guerra e aliviar a crise alimentar global, tem sido objeto de discussões e negociações diplomáticas nos últimos meses.
Em uma declaração assertiva, Peskov reiterou que uma das principais condições para o retorno da Rússia ao acordo é a conexão de seu banco agrícola estatal, o Rosselkhozbank, ao sistema internacional de pagamentos bancários SWIFT. A Rússia insiste que apenas o Rosselkhozbank, e não a sua participação em Luxemburgo, deve ser reintegrado ao SWIFT, conforme previsto nos acordos originais.
“Todas as nossas condições são perfeitamente conhecidas. Elas não precisam de interpretação, são absolutamente concretas e tudo isso é absolutamente alcançável”, afirmou Peskov, enfatizando a clareza da posição russa sobre o assunto.
O Acordo do Mar Negro, mediado pela Turquia e pelas Nações Unidas em julho de 2022, visa facilitar as exportações de cereais da Ucrânia e de alimentos e fertilizantes russos. A Rússia alega que o acordo não foi cumprido integralmente pelo lado ucraniano, o que levou a ações militares em portos e armazéns de cereais ucranianos, alimentando contestações de uso de alimentos como arma.
A recente reafirmação das condições russas vem após o encontro entre o presidente Vladimir Putin e o presidente turco, Tayyip Erdogan, onde este último sugeriu que a Ucrânia deveria considerar ajustar suas abordagens nas negociações e direcionar mais cereais para a África em vez da Europa. A Ucrânia, no entanto, manteve a sua postura firme, recusando-se a ceder à pressão russa.
A Rússia argumenta que, apesar de suas exportações de cereais e fertilizantes não estarem sujeitas às avaliações diretas do Ocidente, enfrenta obstáculos na prática devido a restrições que afetam o acesso aos portos, seguros, logística e pagamentos. A remoção do Rosselkhozbank do SWIFT é um desses obstáculos, e Moscou insiste que a reintegração do banco é crucial para o sucesso do acordo.
A ONU propôs que a participação do Rosselkhozbank em Luxemburgo solicitasse uma reintegração no SWIFT, mas a Rússia insiste que a reabertura deve ser direcionada ao banco principal. Peskov enfatizou que o acordo será retomado apenas quando todas as condições forem atendidas.