O Banco Central (BC) iniciou hoje uma reunião que pode sinalizar a primeira redução da taxa básica de juros desde 2020.
O mercado financeiro está apostando na estabilidade da Selic nesta reunião, mas prevê uma sequência de quatro quedas no segundo semestre, com expectativa de que a Selic termine o ano de 2023 em 12,25% ao ano.
Os diretores do BC estão reunidos hoje para discutir o futuro da política monetária do país.
Com a taxa básica de juros mantida em 13,75% ao ano desde agosto de 2022, todas as expectativas apontam para a primeira sinalização de redução da Selic ao final dessa reunião.
De acordo com as previsões, a taxa Selic ainda deve se manter inalterada, mas o comunicado emitido após a reunião indicará uma leve queda dos juros em agosto.
Há uma semana, a expectativa era de que o corte ocorresse apenas em setembro.
O mercado reduziu a projeção da Selic para o fim de 2023, esperando que fique em 12,25% ao ano. Além disso, a expectativa de inflação tem caído consecutivamente nas últimas cinco semanas, e a projeção de crescimento da economia para 2023 está acima de 2%.
A última redução da Selic aconteceu em agosto de 2020, quando a taxa passou de 2,25% ao ano para 2% ao ano, atingindo o patamar mais baixo da história.
Essa taxa persistiu até março de 2021, quando a alta da inflação resultou em 12 aumentos consecutivos nos juros básicos, chegando ao nível mais alto dos últimos seis anos.
Após o primeiro corte, os analistas preveem novas reduções nos meses de setembro (0,25 ponto percentual), novembro (0,5 ponto percentual) e dezembro (0,5 ponto percentual), o que levaria a Selic a 12,25% ao ano no início de 2024.
Durante a reunião, o presidente do BC, Roberto Oliveira Campos, e os oito diretores da autoridade monetária apresentam análises técnicas sobre a evolução da economia, as perspectivas e o comportamento do mercado financeiro.
O Comitê de Política Monetária (Copom) fará projeções e definirá a nova Selic amanhã (21). A decisão sobre os juros será anunciada após as 18h e terá validade por pelo menos 45 dias, quando os diretores do BC se reunirão novamente para discutir a conjuntura econômica do país.
A manutenção dos juros no patamar mais alto dos últimos seis anos tem sido alvo de críticas por parte da equipe econômica do governo federal.
Na semana passada, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o governo está fornecendo todas as condições para o BC e o Copom considerarem a redução da taxa básica na reunião de agosto.
As expectativas de queda levam em conta a recente desaceleração da inflação, que tem subido em ritmo mais lento nos últimos três meses, e o progresso no Congresso Nacional em relação às novas regras fiscais propostas pelo governo.
A Selic é a taxa básica da economia e serve como referência para os demais juros cobrados no mercado.
Ela é utilizada em empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em resumo, a Selic representa a taxa que os bancos pagam para obter dinheiro no mercado e emprestá-lo a empresas e consumidores por meio de empréstimos e financiamentos.
Por essa razão, as taxas de juros cobradas pelos bancos em contratos de crédito são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também é o principal instrumento do BC para controlar a inflação, mantendo-a próxima da meta estabelecida pelo governo.
Isso ocorre porque juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que impacta os preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Por outro lado, quando o Copom reduz os juros básicos, espera-se que o crédito fique mais barato, incentivando a produção e o consumo.