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Descontrole econômico na Argentina torna moeda local barata e atrai turistas

É inegável que a Argentina esteja vivendo uma situação econômica turbulenta, marcada por uma elevada e uma forte desvalorização do peso. No entanto, para alguns, essa realidade adversa se converte em uma oportunidade única de realizar compras vantajosas. O país se transformou em um verdadeiro paraíso das compras, atraindo turistas de diversas partes da América Latina, inclusive do Brasil.

Com a cotação do dólar atingindo quase 500 pesos argentinos esta semana, uma multidão de turistas uruguaios, paraguaios, chilenos, colombianos, bolivianos, venezuelanos e os brasileiros, têm aproveitado essa desvalorização. A ideia é desfrutar das belezas argentinas, enquanto compram produtos com preços relativamente baixos em relação às suas moedas de origem.

Um exemplo dessa tendência pode ser observado entre os brasileiros, que têm se esbaldado com o vinho argentino. Garrafas de Catena Zapata, vinícola renomada do país, são vendidas na capital por menos da metade do preço cobrado nos supermercados brasileiros. Não é à toa que a segurança para compras na Argentina está sendo organizada no Uruguai, e na província de Misiones, que faz fronteira com o Brasil e o Paraguai, os preços dos combustíveis estão cerca de 40% abaixo dos preços no Brasil e 50% abaixo dos valores paraguaios.

No entanto, enquanto os turistas aproveitam essa atmosfera favorável, os argentinos enfrentam uma realidade bem diferente. Preocupados com uma possível escalada de preços que poderia levar a uma nova hiperinflação – a última ocorreu em 1989 -, eles tentam se desfazer dos pesos o mais rápido possível. A disparidade entre a experiência dos turistas e dos cidadãos locais é notável.

Mas por que ocorre essa desvalorização do peso e por que torna a moeda argentina mais barata em relação a outras moedas estrangeiras, como o dólar americano e o nosso real? A resposta reside na análise da situação econômica do país. Segundo Fernanda Melo, em seu artigo “Crise na Argentina: por que o descontrole econômico não tem fim?”, a desvalorização do peso tem início no fato de o governo argentino gastar mais do que pode e perder a confiança internacional.

Para tentar contornar essa situação, a Argentina recorreu à estratégia já utilizada por muitos países latino-americanos: a emissão de mais moeda para financiar os gastos públicos. No entanto, esse aumento da quantidade de dinheiro em circulação acarretou diretamente no crescimento da sobrevivência, arrastando a economia para uma crise.

Diante dessa realidade, os argentinos passaram a buscar proteção através da aquisição de reservas em dólares. No entanto, o aumento repentino na demanda por essa moeda fez com que seu preço subisse, consequentemente, tolerando o valor do peso em relação ao dólar e outras moedas estrangeiras, como o real brasileiro.

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