Em uma investida coordenada, a Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (12/12/2023) a Operação Hinsberg, mirando um grupo suspeito de desviar produtos químicos essenciais para o tráfico de drogas, resultando na produção ilícita de mais de 12 toneladas de cocaína e crack.
Entre os principais alvos está Renato Cariani, renomado influenciador do mundo fitness e sócio administrador da Anidrol, uma indústria química localizada em Diadema, São Paulo.
A investigação teve início em 2019, quando a AstraZeneca procurou o Ministério Público para reportar fraudes relacionadas a produtos químicos.
A PF apurou que a Anidrol, sob a gestão de Cariani, fornecia toneladas de solventes ao tráfico, simulando vendas legítimas para reconhecidas empresas farmacêuticas.
O esquema envolvia a emissão de notas fiscais falsas, ocultando a verdadeira destinação dos produtos.
O modus operandi da Anidrol consistia em desviar solventes como acetato de etila, acetona, éter etílico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina, substâncias cruciais na produção de cocaína e crack.
As investigações apontam que Fábio Spínola Mota, associado a Cariani e considerado intermediador, encaminhava os produtos desviados para o tráfico.
A descoberta do esquema teve início quando a AstraZeneca denunciou movimentações suspeitas em 2017.
Outras empresas, como Cloroquímica e LBS Laborasa, também se manifestaram contra a Anidrol, relatando emissões fraudulentas de notas fiscais.
A operação, que recebeu o nome de Hinsberg em referência a Oscar Hinsberg, um químico que explorou a conversão de compostos químicos em fenacetina, culminou na realização de 18 mandados de busca e apreensão, sendo 16 em São Paulo, um em Minas Gerais e outro no Paraná.
Fábio Spínola Mota, identificado como intermediador, já possui histórico de prisão relacionada a crimes semelhantes.
Renato Cariani, conhecido por seus mais de 7 milhões de seguidores no Instagram e 6 milhões no YouTube, negou veementemente qualquer envolvimento no esquema, afirmando que foi surpreendido pela operação e que seus advogados ainda não tiveram acesso ao processo.
A Anidrol, segundo Cariani, é uma empresa com mais de 40 anos de história, devidamente regulada e certificada, destacando a gestão de sua sócia, Roseli Dorth, como administradora principal.
A investigação, conduzida em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO do MPSP) de São Paulo e a Receita Federal, revelou que o influenciador é um dos focos principais na desarticulação desse esquema de desvio de produtos químicos destinados à produção de drogas ilícitas.