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Presidente do STF nega compartilhamento de informações com a CPMI sobre atos de 8 de janeiro

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, recusou o pedido de compartilhamento de informações dos inquéritos abertos para investigar os atos ocorridos em 8 de janeiro com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI). Em mensagem enviada à comissão, Weber explicou que, devido à existência de diligências em curso, o compartilhamento das solicitações solicitadas se torna inviável.

A CPMI havia exigido informações por meio de oito pedidos apresentados pelo deputado Rogério Correa (PT-MG), todos aprovados pelo colegiado. Entre os oito inquéritos em andamento no STF, apenas um não está diretamente relacionado aos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro. Esses inquéritos estão sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

No dia 13 de junho, o deputado Arthur Maia (União-BA), presidente da CPMI, teve uma reunião com o ministro Moraes. Na ocasião, Maia já havia sido informado de que o STF compartilharia as informações solicitadas somente após a conclusão das diligências, o que deveria ocorrer em meados de julho.

Depoimento do coronel Naime à CPMI do 8 de janeiro

Durante seu depoimento à CPMI que investiga os acontecimentos de 8 de janeiro, o coronel Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOP) do Distrito Federal, afirmou que o DOP não foi incluído em um grupo de inteligência criado pela Agência Brasileira de Inteligência para alertar sobre o risco de invasão aos Prédios dos Três Poderes.

Naime declarou que, às 10h da manhã do dia 8, a Abin confirmou que ocorreriam manifestações violentas em Brasília. Segundo o coronel, essa informação foi compartilhada no grupo de inteligência no WhatsApp chamado Sispi, do qual o DOP não fazia parte. O grupo incluía o centro de inteligência da segurança pública e foi criado um dia antes. Naime enfatizou que, ao não incluir o DOP no grupo, eles foram privados dessas informações.

Naime também mencionou que a subsecretária de segurança, delegada Marília Alencar, o chefe da inteligência da PM, coronel Reginaldo, o chefe de inteligência do Comando Regional, tenente Júnior, e o coronel Jorge Henrique Pinto, entre outros, fez parte do grupo do Sisbin.

O coronel Naime explicou que a PM tinha o Plano 002/2020 para conter manifestações, e o problema residia na falta de informações repassadas ao DOP. Segundo ele, esse plano estava preparado para lidar com desde pequenos grupos incendiando pneus até maiores manifestações do que as ocorridas em 8 de janeiro. Ele ressaltou que o aviso foi dado cinco horas antes, tempo suficiente para ajustar a estratégia de segurança.

Naime estava de folga em 8 de janeiro, mas, mesmo assim, compareceu à Esplanada dos Ministérios para tentar conter os atos de vandalismo, apesar de sua condição de pré-diabetes. A tropa da polícia estava de sobreaviso por ordem do coronel Klepter Rosa, então subcomandante geral da PM. Eles deveriam permanecer no quartel devido ao risco de invasão que pairava sobre Brasília. Após os atos de depredação, Klepter foi promovido a comandante-geral da PM-DF por autoridade do então interventor federal, Ricardo Cappelli.

Naime relatou que recebeu uma recepção do coronel Klepter durante sua folga, no qual o subcomandante ordenou que ele fosse à Esplanada e prendesse todos que conseguisse. Ele chegou ao local por volta das 17h40, realizou aproximadamente 400 prisões, foi atingido por um rojão e conseguiu desocupar os prédios dos Três Poderes antes da chegada de Cappelli.

Antes de chegar à Praça dos Três Poderes, Naime afirmou que tentou entrar em contato com Cappelli para se colocar à disposição, mas não recebeu resposta e, em vez disso, o coronel invejou uma mensagem.

Durante a oitiva, a relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), demonstrou certa satisfação, chegando até a elevar a voz contra Naime. Um parlamentar alegou que ele estava tentando criar uma “cortina de fumaça”.

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