Criminosos perpetraram um audacioso roubo de açúcar destinado à exportação, substituindo parte da carga por areia, na tentativa de ocultar o crime.
A descoberta ocorreu quando amostras das cargas foram periciadas por um especialista químico no terminal portuário Corredor Logística e Infraestrutura (CLI), localizado no Porto de Santos.
Estima-se que mais de 4,5 toneladas do produto tenham sido subtraídas. Até o momento, ninguém foi detido.
Esse tipo de crime, conhecido como “corte” de cargas, no qual mercadorias são furtadas e substituídas por outros produtos para compensar o peso e retardar a detecção do delito, não é novo no Porto de Santos.
No entanto, a gravidade aumenta quando os carregamentos são contaminados com substâncias que comprometem sua qualidade e segurança para consumo humano.
Além dos prejuízos materiais, esse tipo de crime também prejudica a reputação comercial do Brasil, especialmente quando o corte na carga é detectado somente no exterior.
No caso específico da exportação de açúcar, além do furto, também pode ser caracterizado um delito contra a saúde pública, de acordo com o artigo 272, parágrafo 1º-A, do Código Penal, que trata da entrega para consumo de substância ou produto alimentício falsificado, corrompido ou adulterado.
Os motoristas envolvidos negaram as acusações, os cortes nas cargas de açúcar foram descobertos no último sábado.
Dois caminhões provenientes de uma usina localizada em Mendonça, município paulista a 532 quilômetros de Santos, chegaram ao terminal do CLI transportando carregamentos de 41,2 toneladas e 34 toneladas do produto, respectivamente.
O valor estimado das cargas, de acordo com as notas fiscais, era de R$ 99 mil e R$ 81,6 mil.
Após a entrada dos veículos na empresa portuária, um perito coletou amostras das cargas e elaborou laudos individuais, revelando a contaminação por areia.
O químico estimou que dos carregamentos de 41,2 e 34 toneladas, foram furtados, respectivamente, 512 e 4.073 quilos de açúcar.
Segundo o especialista, a substância contaminante não faz parte do processo produtivo nem da colheita da cana-de-açúcar.
Após a descoberta, a Guarda Portuária foi acionada e os motoristas foram conduzidos à Central de Polícia Judiciária (CPJ), acompanhados por um advogado representando o CLI.
O representante jurídico afirmou que a perícia realizada no terminal faz parte dos procedimentos de rotina e, com a contaminação constatada, a carga sequer foi recebida.
Questionados sobre os cortes nas cargas e a introdução de areia nos produtos destinados à exportação, os caminhoneiros alegaram inocência.
Segundo eles, o carregamento dos caminhões era de total responsabilidade da usina, e eles apenas conduziram os veículos até o terminal portuário, sem que nada de anormal tenha ocorrido durante o trajeto.
As investigações continuarão a cargo da Delegacia de Polícia do Porto de Santos.