Durante a apresentação dos resultados financeiros do BNDES no segundo trimestre, Aloizio Mercadante abordou a necessidade de uma maior presença governamental no conselho da Eletrobras, destacando que, embora a União e o banco possuíam conjuntamente 43% de participação no capital societário da companhia, possuem apenas um assento sem conselho. Essa observação gerou um debate importante sobre a representatividade e a influência do Estado em setores estratégicos, especialmente no contexto da privatização.
A privatização da Eletrobras, uma das maiores empresas de energia elétrica da América Latina, tem sido objeto de discussão há tempos. Os defensores dessa medida argumentam que a entrada de investidores privados pode trazer maior eficiência operacional e agilidade, além de aliviar o ônus fiscal do governo. Por outro lado, os críticos temem que a privatização possa comprometer a autoridade energética do país e excluir a voz do Estado nas decisões cruciais.
As preocupações de Mercadante, ao associar a saída do governo federal do controle da Eletrobras ao recente apagão de energia que afetou vários estados brasileiros, reforçam os dilemas inerentes à privatização. Ele ressalta que em momentos de crise, a presença estatal pode ser um recurso indispensável para garantir a estabilidade energética e a segurança do abastecimento elétrico. Essa ponderação é crucial, uma vez que a dependência excessiva do setor privado pode comprometer a resiliência do sistema em face das adversidades.
Entretanto, devemos examinar cuidadosamente a interação entre Estado e mercado. A participação do governo no conselho de administração não pode ser encarada apenas como uma questão de quantidade, mas também de qualidade. É imperativo que essa presença seja ativa, controlada e imbuída do compromisso de assegurar o interesse público. A perícia técnica e estratégica que a Eletrobras exige não pode ser subestimada, e a voz do Estado deve ser uma fonte valiosa de orientação nesse âmbito.
Enquanto o debate sobre a privatização da Eletrobras e a participação governamental se desenvolve, é fundamental encontrar um equilíbrio que atenda a necessidade de modernização e eficiência do setor energético, sem negligenciar a importância do controle público em momentos cruciais. O país necessita de uma política energética abrangente, que leve em consideração tanto as dinâmicas de mercado quanto os interesses estratégicos nacionais.