Uma barragem no sul da Ucrânia rompeu-se, resultando em enchentes devastadoras e agravando ainda mais as tensões entre a Rússia e a Ucrânia. A barragem de Nova Kakhovka, que estava sob o controle russo desde o início da guerra, foi recapturada pelas forças ucranianas no ano passado. Ambos os lados acusam um ao outro de planejar sua destruição.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, escreveu em um comunicado no aplicativo de mensagens Telegram: “Terroristas russos. A destruição da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovka apenas confirma para o mundo inteiro que eles devem ser expulsos de todos os cantos da terra ucraniana”. Segundo ele, os russos realizaram uma detonação interna das estruturas da barragem, colocando cerca de 80 assentamentos em risco de inundação.
A OTAN condenou o incidente, chamando-o de “ato ultrajante que demonstra mais uma vez a brutalidade da guerra da Rússia na Ucrânia”, nas palavras do secretário-geral Jens Stoltenberg. Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou em uma coletiva de imprensa que se trata de uma sabotagem deliberada pelo lado ucraniano.
Autoridades russas deram relatos conflitantes sobre a causa da ruptura da barragem. Alguns afirmaram que ela foi atingida por mísseis ucranianos durante a noite, enquanto outros disseram que o rompimento ocorreu devido a danos anteriores.
Além do impacto imediato nas comunidades locais, há preocupações quanto ao abastecimento de água e à segurança nuclear. O órgão de vigilância nuclear da ONU informou que a usina de Zaporizhzhia tem água suficiente para resfriar seus reatores por alguns meses, graças a uma lagoa separada localizada acima do reservatório. No entanto, pediu que a lagoa seja poupada.
O prefeito da cidade adjacente à barragem rompida alertou que o nível da água pode subir até 12 metros. Aproximadamente 22.000 pessoas em 14 assentamentos na região de Kherson estão em risco de inundação, de acordo com a agência de notícias russa RIA.
Além disso, há preocupações com o Canal do Norte da Crimeia, que transporta água doce para a península do rio Dnipro. O governador da Crimeia instalado pela Rússia, Sergei Aksyonov, afirmou que existe o risco de que os níveis de água no canal caiam. Ele ressaltou que, por enquanto, a Crimeia tem reservas de água suficientes, e o nível de risco será avaliado nos próximos dias.
A ruptura da barragem ocorreu em meio aos preparativos da Ucrânia para uma contra-ofensiva contra as forças russas. O exército ucraniano recebeu recentemente tanques ocidentais e veículos blindados, e espera-se que esses recursos sejam utilizados para expulsar as forças russas do território ucraniano.
Enquanto a Rússia afirma ter repelido os avanços ucranianos, o presidente Zelenskiy insinuou sucessos, alegando avanços em Bakhmut, uma cidade que a Rússia havia conquistado no início do mês. A Rússia, por sua vez, lançou uma nova onda de ataques aéreos noturnos em Kiev, sendo que a Ucrânia afirmou ter derrubado mais de 20 mísseis de cruzeiro utilizando seus sistemas de defesa aérea.
Essa ruptura da barragem e as consequentes enchentes representam mais um episódio trágico em um conflito que já dura mais de um ano. A situação continua instável e preocupante, com implicações tanto humanitárias quanto geopolíticas. A comunidade internacional segue atenta aos desdobramentos e aos esforços para buscar uma solução pacífica para a crise entre Rússia e Ucrânia.
