A Americanas é uma varejista brasileira que, desde janeiro de 2022, enfrenta uma crise devido a inconsistências contábeis que levaram a empresa a entrar com um pedido de recuperação judicial.
A empresa divulgou uma dívida de R$ 42 bilhões e mais de 7.700 credores oficiais.
Documentos da investigação interna da empresa mostram que a diretoria omitiu operações que geraram um rombo milionário na empresa.
Segundo os documentos, o comitê de auditoria da Americanas questionou seus diretores pelo menos quatro vezes entre 2020 e 2022 sobre as operações que causaram o rombo.
Os diretores negaram qualquer operação de “risco sacado” ou “forfait”, que são operações financeiras que usam os recebíveis de clientes para alavancar a companhia com financiamento nos bancos, com a garantia da empresa. Essas operações podem afetar os bancos credores da empresa.
Embora a prática de usar recebíveis de clientes para alavancar a companhia com financiamento nos bancos não seja incomum entre as grandes empresas, a omissão por parte da diretoria da Americanas sobre as operações que causaram o rombo bilionário pode ter agravado a crise financeira da empresa.
De fato, mais da metade da dívida da empresa é com os maiores bancos brasileiros, incluindo uma dívida de US$ 1 bilhão de dólares (R$ 5,2 bilhões) junto ao Deutsche Bank, que responde pela maior exposição à varejista. Com um passivo tão elevado e com a incerteza em torno da verdadeira situação contábil da empresa, a recuperação da Americanas se apresenta como um grande desafio.
Dentre os diversos credores que têm valores a receber da Americanas, há empresas de renome no setor de tecnologia, tais como Facebook, Twitter e LinkedIn, além de transportadoras, companhias aéreas, empresas de serviços menores e milhares de pessoas físicas.
Chama a atenção o fato de que a Ambev, uma empresa brasileira, também figura entre os credores, pertencendo aos mesmos acionistas-referência da Americanas: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.