Tina Turner, a lendária cantora americana conhecida como a rainha do rock, faleceu aos 83 anos nesta quarta-feira, dia 24. A morte foi confirmada pela assessoria da artista através de uma publicação em seu perfil oficial no Instagram.
“Através de sua música e sua paixão inigualável pela vida, ela encantou milhões de fãs ao redor do mundo e inspirou as estrelas do amanhã. Hoje nos despedimos de uma querida amiga, deixando para trás sua maior obra: sua música. Nossas mais sinceras condolências vão para sua família. Tina, sentiremos muito a sua falta”, declarou o comunicado.
Tina Turner enfrentou problemas de saúde nos últimos anos, desde o diagnóstico de câncer no intestino em 2016. Em 2017, ela passou por um transplante de rim.
De acordo com o jornal Sky News, ela faleceu pacificamente em sua casa em Kusnacht, na Suíça.
A cantora, conhecida por sucessos como “What’s Love Got to Do with It”, “The Best” e “We Don’t Need Another Hero”, iniciou sua carreira solo nos anos 1980. Anteriormente, Tina e seu ex-marido, Ike Turner, que faleceu de overdose de cocaína em 2007, alcançaram grande sucesso no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.
Tina ganhou oito prêmios Grammy e vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo. Nascida como Anna Mae Bullock em uma família pobre nos Estados Unidos, ela foi abandonada por seus pais aos 15 anos e cantou em boates para sobreviver.
Em uma de suas apresentações, ela conheceu Ike Turner e sua banda, The Kings of Rhythm. Anna Mae se tornou vocalista de apoio e rapidamente assumiu o papel de uma das principais vozes da banda. Ike e a cantora decidiram formar uma dupla e, após se casarem, ela adotou o nome artístico Tina Turner. Juntos, eles dominaram a cena da música soul nas décadas de 1960 e 1970.
O casamento de Tina foi marcado por brigas e escândalos. Ike, alcoólatra e dependente de drogas, culpara Tina pelo declínio da dupla, além de agredi-la, humilhá-la e traí-la. Ela apareceu publicamente várias vezes com olhos roxos ou lábios inchados. Depois de 18 anos, ela pediu o divórcio e propôs abrir mão de todo o patrimônio em troca de manter o sobrenome Turner.
Tina recomeçou sua carreira do zero. Sem dinheiro, ela morou com uma amiga e abriu shows para outros artistas famosos, como os Bee Gees. Para retornar ao cenário musical, ela apostou no rock, influenciada por David Bowie e Rolling Stones (uma curiosidade: Mick Jagger se inspirou em Tina para criar sua icônica dancinha nos palcos). Ela também adotou um novo estilo com roupas ousadas e cabelos loiros espetados.
Em 1984, lançou o álbum “Private Dancer”. “What’s Love Got to Do with It”, uma música que ela não queria gravar inicialmente, tornou-se um grande sucesso e ajudou Tina a vender mais de dez milhões de cópias em todo o mundo. Aos 45 anos, ela recebeu o título de “rainha do rock”. Nos shows e videoclipes, ela cantava e dançava sem perder o fôlego.
Em 1986, publicou a autobiografia “Eu, Tina: a história da minha vida”, onde detalhou sua trajetória profissional e pessoal com o ex-marido, além de revelar as agressões sofridas. O livro foi adaptado para o cinema em 1993, estrelado por Angela Bassett e Laurence Fishburne.
Seu álbum seguinte, “Break Every Rule”, levou Tina a realizar a maior turnê de sua carreira, com 14 meses de viagem. Um dos shows dessa turnê no Brasil entrou para o livro dos recordes, reunindo 184 mil pessoas em uma única apresentação no Maracanã. O show foi transmitido ao vivo para todo o mundo.
No início dos anos 90, ela lançou a música “The Best”, tema de diversos atletas, incluindo Ayrton Senna, que subiu ao palco ao lado de Tina em um show na Austrália, em 1993. Além da música, ela também teve participações marcantes no cinema, atuando em filmes como “Tommy” (1975) e “Mad Max – Além da Cúpula do Trovão” (1985), onde também cantou o tema “We Don’t Need Another Hero”. Outra contribuição notável foi na trilha sonora do filme “007 contra GoldenEye”.
O sucesso da música “GoldenEye” levou Tina Turner, então com 56 anos, a lançar o álbum “Wildest Dreams”. No final da década de 1990, ela lançou seu nono álbum solo e anunciou sua aposentadoria dos palcos. “Twenty Four Seven” teve dois grandes sucessos, atraindo milhões de fãs para seus shows de despedida.
Em 2008, em comemoração aos 50 anos dos prêmios Grammy, Tina fez uma apresentação histórica. Além de cantar seus maiores sucessos, ela fez um dueto com Beyoncé.
Aos 73 anos, Tina Turner superou Meryl Streep e se tornou a mulher mais velha a estampar a capa da revista “Vogue”. Em 2021, um documentário da HBO detalhou sua vida e carreira.
Tina deixa seu segundo marido, o executivo musical alemão Erwin Bach, com quem se casou em julho de 2013 após 27 anos juntos. Ela também deixa dois filhos de Ike Turner, Ike Turner Jr. e Michael Turner, que foram adotados por ela. Seu primeiro filho, Craig Raymond Turner, faleceu em julho de 2018, e outro filho, Ronnie, faleceu em dezembro de 2022.