Um homem sem as duas pernas e utilizando uma sonda causou comoção e indignação na segunda-feira (10/07/23), quando foi encontrado abandonado na calçada em frente ao Hospital Municipal Pedro II, localizado em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Sob o sol escaldante e sem nenhuma assistência, ele foi deixado sozinho, despertando a preocupação de quem presenciou a cena. Após a denúncia feita pela reportagem do jornal O GLOBO, a Secretaria Municipal de Saúde se pronunciou afirmando que está investigando o caso e que os dois funcionários responsáveis por remover o homem do hospital foram demitidos.
De acordo com relatos da professora Tatiana Cristina de Almeida Borges, de 44 anos, o homem foi abandonado pelos próprios maqueiros da unidade hospitalar. Ela afirma que encontrou o homem um pouco mais distante da entrada do hospital, e que os maqueiros disseram que o deixariam em um local mais afastado para evitar problemas para eles mesmos. No entanto, Tatiana e outras pessoas que estavam presentes decidiram levá-lo até a porta do hospital. O homem, vestindo apenas uma fralda e com uma sonda, não tinha condições de resolver seus próprios problemas e foi deixado à mercê do sol e sujeito a uma possível infecção generalizada.
Tatiana também relata que o homem contou ter sido abandonado na rua após a assistente social do hospital afirmar que “não poderia fazer mais nada por ele”. Segundo ela, o paciente optou por não passar informações de contato da família. Porém, o homem afirmou que a assistente social informou que ele estava ocupando o leito de uma pessoa que realmente precisava, e que ele deveria ser removido do hospital. Para Tatiana, a atitude de deixá-lo sozinho na rua foi desumana, como se tivessem descartado-o como lixo.
A professora revela que o hospital já tinha conhecimento sobre o paciente e que ele foi abandonado após deixar um abrigo em Búzios, na Região dos Lagos. Segundo Tatiana, o homem não recebe nenhuma assistência financeira do governo e estava sendo cuidado por um pastor, que não conseguia mais arcar com os custos e o abandonou no hospital. Ela também destaca que outras pessoas que presenciaram a cena ficaram emocionadas e compraram comida para ajudar o homem.
Tatiana tentou obter mais informações sobre o paciente para acompanhar seu caso, mas o hospital negou seu pedido. Após a intervenção da professora, o homem foi levado novamente para um leito da unidade. Ela acredita que essa ação foi uma resposta à repercussão negativa do caso.
Em comunicado, o Hospital Municipal Pedro II informou que o homem foi deixado na instituição por um abrigo em Búzios, sem qualquer indicação de atendimento médico necessário no momento. A equipe de Serviço Social estava em processo de articulação com uma instituição de acolhimento para recebê-lo quando outros funcionários atenderam ao pedido do paciente para ser levado para fora do hospital, alegando que alguém iria buscá-lo. No entanto, quando ficou claro que não havia ninguém para buscá-lo, o hospital decidiu mantê-lo sob custódia até que o Serviço Social conseguisse encaminhá-lo para uma instituição de acolhimento, uma vez que ele não possui familiares próximos para recebê-lo.
Após o contato da reportagem do jornal O GLOBO, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que essa não é a conduta padrão do Hospital Municipal Pedro II. A SMS informou que está conduzindo uma investigação sobre o caso e que os dois funcionários responsáveis por remover o homem do hospital foram demitidos.