O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves, o relator do processo de cassação do ex-deputado federal Deltan Dallagnol, foi alvo de uma delação na Operação Lava Jato.
De acordo com informações divulgadas recentemente, Gonçalves esteve sob investigação devido à sua proximidade com Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, envolvido em casos de corrupção. Antes da homologação da delação de Pinheiro, em 2019, um processo de investigação foi aberto contra o ministro. No entanto, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou o arquivamento do caso, alegando a extinção da punibilidade e prescrição.
Não é a primeira vez que Benedito Gonçalves enfrentou uma emoção. Em 2015, ele foi alvo de uma denúncia no Conselho Nacional de Justiça, que também acabou sendo arquivada no ano seguinte.
Segundo relatos de Pinheiro em seu acordo de delação, ele teria conhecido Gonçalves em 2013 e se reuniu com o ministro para tratar de disputas envolvendo a OAS no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Durante esse período, Benedito proferiu decisões tomadas à empreiteira em duas causas no STJ. Pinheiro também afirmou que, na época, o ministro buscava angariar apoio no meio empresarial para sua candidatura ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que eles discutiam estratégias nesse sentido.
Mensagens trocadas entre Gonçalves e o presidente da OAS demonstram um pedido de “empenho e dedicação” ao “projeto” do magistrado. Além disso, o ministro solicitou que Pinheiro entrasse em contato com políticos com quem tinha relações.
Outro ponto revelado pela delação foi a contratação do cartório onde um filho do ministro era funcionário, no Rio de Janeiro. A OAS teria realizado pagamentos de R$ 5 milhões a R$ 7 milhões ao cartório, em troca de serviços de autenticação e reconhecimento de firma.